A informação foi avançada pela CNN Portugal que informou que o juiz britânico que avaliou o pedido português, feito em fevereiro, decretou a extradição de Diogo Santos Coelho para Portugal, que deverá ocorrer no prazo máximo de dez dias. No entanto, dada a existência de dois pedidos concorrentes, o Ministério Público britânico encaminhou o caso ao ministro, que tem autoridade para tomar a decisão final

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A defesa do hacker agora tem três meses para recorrer da decisão ao Supremo Tribunal de Justiça britânico, o que poderia ditar a suspensão da deliberação, de acordo com o mesmo canal.

O jovem foi preso em 31 de janeiro de 2022 no aeroporto de Gatwick, no Reino Unido, quando ia visitar a mãe. No verão passado, o tribunal britânico aceitou o pedido de extradição para os Estados Unidos, algo que a defesa apelou, alegando que “ele foi diagnosticado com autismo e que corre o risco de acabar com sua própria vida se for enviado para cumprir uma sentença na prisão

americana”.

Diogo Santos Coelho argumentou que foi atraído por adultos desde os 14 anos para cometer os supostos crimes, que estão relacionados à página RaidForums, que ele é acusado de criar e gerenciar. O site foi descrito no tribunal como sendo “um mercado para indivíduos comprarem e venderem bancos de dados roubados”, tendo acumulado cerca de 10 bilhões de registros roubados.

“Vingança”

“Receio que o sistema dos Estados Unidos busque vingança, enquanto vejo os sistemas europeus, até mesmo o Reino Unido e Portugal, mais inclinados a reabilitar alguém e reconhecer que eu era menor de idade e que fui explorado por adultos. O Ministério do Interior acredita que esse foi o caso”, disse o jovem, que foi diagnosticado com autismo em 2022, em declarações ao The Guardian

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Ele continuou: “Muitas vezes fico acordado a noite toda pensando: 'O que aconteceria se eu fosse para a América? E se eu cumprir uma sentença longa e sair velho? ' Não terei perspectivas para o futuro. Isso me faz pensar qual é o sentido de viver, quando não vou ter uma prisão perpétua ou se vou conseguir cumprir a sentença e ficar livre. Não vejo uma vida em ir para a América — seria apenas uma perda de tempo.”

O jovem conta ainda que, alguns anos depois de se mudar para o Reino Unido, seu pai comprou para ele seu primeiro laptop, quando ele tinha 11 anos. Como não tinha outros interesses ou amigos, como não falava inglês e era vítima de bullying, passava muito tempo no computador

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“Eu não tinha com quem conversar, não tinha ninguém na escola porque quase não tinha amigos e minha única saída era a Internet. Meu pai não me supervisionou; meus pais não sabem nada sobre computadores”, acrescentou.

O 'hacker' foi mais longe, garantindo que não está tentando “escapar da justiça”, mas sim tentando “ter uma vida e corrigir erros”.

“Eu era muito jovem e impressionável [quando o suposto crime ocorreu]. Eu era muito ingênua”, disse ele.

A

defesa de Diogo Santos Coelho considerou que, em Portugal, o jovem provavelmente seria libertado sob fiança. Nos Estados Unidos, onde é acusado de conspiração, fraude no acesso a dispositivos e roubo agravado de identidade, ele passaria meses em prisão preventiva com

cuidados de saúde mental inadequados.