O novo primeiro-ministro, Sir Keir Starmer, reafirmou o desejo de aproximar o Reino Unido da UE e de aproveitar a reunião da Comunidade Política Europeia, na quinta-feira, em Oxford, para propor uma maior cooperação em questões de segurança e no combate à imigração ilegal.

O cientista político Anand Menon confirmou que a mudança de tom em comparação com o governo anterior “é importante e significativa”, mas disse que nem Starmer nem Rachel Reeves defendem uma “relação substancialmente muito próxima”.

“Eles querem se dar bem porque consideram que a competição que caracterizou o relacionamento durante o governo conservador foi absurda e contraproducente, mas não acho que eles queiram (...) um relacionamento substancialmente mais próximo”, disse o diretor do think tank Changing Europe.

Para Menon, Londres buscará melhorias, seja em termos de comércio ou segurança, “mas as ambições serão limitadas, especialmente porque nada disso mudará em termos de crescimento econômico, porque o Partido Trabalhista se recusou [a aderir à] união aduaneira ou ao mercado único”.

“É difícil pensar em qualquer circunstância em que o Governo britânico considere aderir à união aduaneira ou ao mercado único porque a negociação levaria mais tempo do que uma legislatura [e] em termos de opinião pública, não há muito apetite para uma longa discussão com a UE”, acrescentou.

A professora de Direito Europeu na Universidade de Cambridge, Catherine Barnard, concordou, destacando que mudanças significativas terão que ser negociadas fora do Acordo de Comércio e Cooperação assinado após a saída do Reino Unido da UE.

“Com boa vontade de ambos os lados e alguma mudança por parte da UE, levando em conta as 'cicatrizes' feitas pelo governo anterior, há espaço para fazer coisas, mas não podemos ser muito otimistas”, alertou.

O Reino Unido é o país anfitrião da quarta reunião da Comunidade Política Europeia (CPE), que deverá contar com a presença de 45 líderes europeus, incluindo o primeiro-ministro português, Luís Montenegro.

Pela primeira vez, a OTAN, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e o Conselho da Europa estarão representados neste fórum.

O evento acontecerá no Palácio de Blenheim, abrindo com uma sessão plenária, seguida por três mesas redondas sobre migração, energia e conectividade, defendendo e salvaguardando a democracia e concluindo com uma nova sessão plenária.