“A assinatura destes dois contratos que nos levarão até Paris2024 é o sonho tornado realidade de um aumento histórico na preparação desses dois programas, num total de 31,2 milhões de euros”, elogiou a então vice-ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, ao apresentar os contratos-programa olímpico e paralímpico para Paris2024.

Em 14 de outubro de 2022, após um longo impasse, o Governo liderado por António Costa, o Comité Olímpico Português (COP) e o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) assinaram um contrato que estabeleceu um aumento de 18,4 por cento em relação aos valores de Tóquio2020.

Para estes Jogos, adiados em um ano devido à pandemia de Covid-19, foram aprovados 18,55 milhões de euros, posteriormente aumentados em quatro ME devido ao adiamento.

“Para este ciclo olímpico, encontramos meios financeiros para possibilitar um aumento geral de bolsas de estudo para atletas e treinadores, um aumento de fundos para preparação esportiva, competições, estágios, apoio material para treinamento e a continuidade do apoio após os Jogos Olímpicos de Paris, com o Estado garantindo que nenhum atleta ficará sem apoio no dia seguinte à sua preparação”, destacou Ana Catarina Mendes, em cerimônia que ocorreu no Centro Desportivo Nacional do Jamor, em Oeiras.

No mesmo dia, porém, o presidente da COP, José Manuel Constantino, alertou para o impacto que a situação econômica, ou seja, a inflação, poderia ter sobre esse aumento.

“Não escondo, nem seria uma atitude séria por parte do presidente do Comité Olímpico Português, que, apesar das circunstâncias de termos assinado um contrato significativamente superior a contratos similares para programas de preparação olímpica, encontramos uma situação política e económica que nenhum de nós sabe, com certeza, qual será o seu destino”, destacou.

Aumento dos custos

Constantino disse temer “que uma parte significativa dos aumentos verificados possa, em alguns assuntos, ser superada pelo que será o aumento dos

custos”.

A mesma preocupação foi expressa pelo presidente da Comissão Olímpica de Atletas (CAO), em entrevista à Lusa um ano antes dos Jogos: “Estamos vendo uma inflação incrível. O preço de tudo aumentou. Portanto, o aumento que tivemos nas bolsas de valores acabou sendo um pouco diluído por essa inflação que se fez sentir”

Apesar de elogiar que “um aumento é sempre bom, é sempre positivo”, Diana Gomes reconheceu então que, com a inflação, “os preparativos ficam mais caros, o transporte fica mais caro, a comida em si, a suplementação, tudo aumentou”.

No entanto, não houve 'ajustes' para mitigar os efeitos da inflação, com recursos sendo disponibilizados nos últimos anos, com 4,77 ME entregues em 2022, 6,33 em 2023 e 6,10 em 2024, enquanto 4,80 serão disponibilizados em 2025.

Portugal será representado por 73 atletas em Paris2024, que acontece entre 26 de julho e 11 de agosto.