Depois de o ministro da Agricultura ter defendido “um travão” às novas plantações, a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) defendeu que não há excesso de vinha na zona e recomendou que os apoios deveriam continuar. Depois de perder quase 3.000 hectares nos últimos dez anos, a área é agora composta por apenas 13.100 hectares de vinhas.

Rodolfo Queirós, presidente da CVRBI disse à Lusa que “Não creio que haja excesso de vinha na nossa região. Até porque, felizmente, tem havido uma procura por novas licenças e novas autorizações, e isso mostra que há aptidão para se plantar novas vinhas”. Acrescentou ainda que “Por isso, eu penso que se deve continuar a apoiar a reestruturação da vinha, podendo ser outro modelo. Deve continuar-se a atribuir novas licenças e autorizações, porque nós também não podemos cortar as pernas a ninguém”.

Portugal enfrenta um problema de excesso de oferta de vinho, segundo o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, que afirmou em entrevista ao jornal Público que é preciso “um travão, caso contrário está-se a deitar dinheiro fora”. Para Rodolfo Queirós cada região tem uma realidade diferente e por isso o presidente da CVRBI enfatizou que o apoio deve ser sustentado porque a região tem vindo a expressar-se, a ganhar notoriedade e a avançar.

Embora a sustentabilidade seja frequentemente discutida em termos ambientais, segundo Rodolfo Queirós, o primeiro pilar da sustentabilidade tem que ser a economia. “Temos de trabalhar para que as nossas regiões produzam vinhos de qualidade e pratiquem preços competitivos para que a agricultura seja sustentável”, destacou o diretor.

O CVRBI, com sede na Guarda, abrange uma área de 20 municípios. A área conta com cerca de 70 produtores de vinho que se dividem em engarrafadores, produtores e vinícolas cooperativas. Rodolfo Queirós sublinhou que tem havido uma enorme procura nos mercados externos e que a Beira Interior tem mais de mil hectares em modo de produção biológica. Como afirmou, “Temos que continuar a fazer esse trabalho de divulgação”.