"Já tínhamos conhecimento, nomeadamente o Hospital Santa Maria [em Lisboa] e o Hospital de Évora, que tinham níveis sanguíneos muito complicados e que já estavam a fazer alguma reflexão no que diz respeito a intervenções cirúrgicas, porque temos sempre de ter uma reserva, nomeadamente para acidentes ou casos específicos que apareçam", disse o presidente da federação, Alberto Mota.
Alberto Mota falava à Lusa depois de o diretor do Serviço de Sangue do Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria, Álvaro Beleza, ter dito à Rádio Renascença (RR) que aquela unidade hospitalar foi obrigada a adiar cirurgias não urgentes.
"Tivemos que adiar algumas cirurgias programadas, ou seja, que não eram urgentes, porque havia uma carência enorme, nomeadamente do grupo A e 0, mas o grupo A foi o pior. Foi uma situação difícil", descreveu o médico à RR.
À Lusa, Alberto Mota explicou que "as reservas precisam de aumentar", afirmando que 2024 é "um ano muito complicado no que toca a reservas".
"É extraordinário. Todos os anos sabemos que em janeiro e fevereiro temos uma quebra de dadores de sangue devido a infeções, gripes e todas essas situações. Este ano, aliás, foram de facto os melhores meses, depois, a partir de março até hoje, não percebemos porque é que os grupos A e 0, sejam negativos ou positivos, têm vindo a cair e não é possível aumentar estes níveis de reservas", lamentou.
O presidente da Fepodabes reconheceu ainda que no verão costuma haver "uma quebra de reservas", mas que normalmente isso só acontece em meados de agosto.
"Já estamos no mês de julho e estamos a sentir grandes dificuldades. Sabemos que temos tido o problema da covid-19, é verdade, que tem afastado as pessoas de virem dar sangue, há infecções respiratórias, sim, mas também não percebemos porque é que estes quatro grupos estão tão baixos e não é possível aumentar o número de dadores", destacou.
Apontando para a campanha "DÁ SANGUE NESTE VERÃO - O QUE É MELHOR DO QUE DAR SANGUE E IR DE FÉRIAS?", Alberto Mota voltou a apelar às pessoas para darem sangue antes de irem de férias, referindo que são necessárias entre mil e 1100 unidades de sangue por dia.
"Precisamos de ter cerca de 800 a 900 pessoas disponíveis para poderem doar todos os dias. Precisamos de ter mais dadores regulares: homens de três em três meses e mulheres de quatro em quatro meses, para ver se conseguimos aumentar estas reservas, que atualmente são baixas", acrescentou.
As informações sobre os locais oficiais de recolha de sangue estão disponíveis em www.fepodabes.pt e no portal www.dador.pt .