De acordo com o mais recente relatório "Portuguese Resorts Market Report", produzido pela Confidencial Imobiliário em parceria com a Associação Portuguesa de Turismo Residencial e Resorts, as expectativas dos operadores em relação ao volume de transacções de casas em resorts estão em máximos de 3 anos, o que representa um forte aumento de confiança no desempenho do mercado.

Para além da melhoria da situação macroeconómica, estas perspectivas mais optimistas são também influenciadas pela recuperação das vendas no mercado residencial. Relativamente aos preços, os operadores não alteraram as suas expectativas, com a perceção generalizada de que os valores dos resorts se manterão estáveis.

Este otimismo agora revelado surge depois de um primeiro semestre de 2024 marcado por uma redução da atividade transacional no mercado dos resorts, com uma quebra acentuada das vendas deste tipo de habitação face ao semestre anterior. Este terá sido um efeito do fim dos sistemas de incentivo ao investimento estrangeiro, nomeadamente os Golden Visas, uma vez que, a par da redução do número de transacções, se observou também uma redução do leque de nacionalidades activas na maioria dos destinos. De referir o exemplo dos resorts localizados na Costa Atlântica, onde no 1º semestre de 2024 o investimento estrangeiro foi dominado por brasileiros, em contraste com o 2º semestre de 2023 onde se registaram compradores de 9 nacionalidades.

Pelo contrário, o eixo Albufeira-Loulé, que é o destino dos resorts mais consolidados, aumentou o número de nacionalidades compradoras, passando de 5 no 2º semestre de 2023 para 8 no 1º semestre de 2024. Os britânicos são os principais compradores estrangeiros de resorts nesta geografia, mas reduziram a sua quota de 62% para 47% entre os dois semestres em análise.


No 1º semestre de 2004, os preços de venda das casas em resorts aumentaram 5,9% face ao 1º semestre de 2023. Após um ciclo de fortes subidas que levou a que os preços atingissem um aumento anual recorde de 26,6% no 1º semestre de 2023, os níveis de valorização dos resorts seguem agora a tendência geral do mercado residencial, possivelmente em resultado dos níveis de preços já atingidos neste mercado específico.

Destaca-se ainda o reforço dos preços na gama alta, refletindo a maior afluência de novas habitações. No 1.º semestre de 2024, o valor das casas nos resorts de luxo aproximou-se dos 11 mil euros por metro quadrado, ultrapassando pela primeira vez os 10 mil euros por metro quadrado nas quatro regiões monitorizadas e variando entre um mínimo de 10.450 euros/m2 no Sotavento algarvio e um máximo de 12.250 euros/m2 na Costa Atlântica, o eixo litoral que se estende desde a região Oeste até à Costa Alentejana.

No 2º trimestre deste ano, Albufeira, Lagos e Loulé, três dos principais mercados residenciais do Algarve, estabilizaram os preços de venda de casas, registando variações residuais face ao trimestre anterior. De acordo com o Índice de Preços Residenciais, Loulé, que é o mercado mais caro da região e um dos maiores em termos de procura (15% das vendas), apresentou uma variação trimestral de 0,2% nos preços de venda, enquanto em Lagos (quota de 10%) a flutuação de preços foi de 0,6%.

No caso de Albufeira, que representa 12% das vendas regionais, a variação foi igualmente residual, entrando mesmo em terreno negativo, atingindo -0,5%. O comportamento destes três concelhos, que entre si representam mais de um terço do mercado imobiliário algarvio em termos de volume de vendas, teve impacto no comportamento agregado dos preços na região, que no trimestre em análise registou uma variação em cadeia de 0,4%.

De acordo com Pedro Fontainhas, Diretor Executivo da Associação Portuguesa de Turismo Residencial e Resorts: "Os resultados deste relatório confirmam que se mantém o interesse dos investidores, nacionais e internacionais, na compra de moradias em resorts em Portugal. Apesar do 1º semestre de 2024 ter sido marcado pelo abrandamento do mercado, essencialmente devido ao fim dos Golden Visas decidido pelo anterior governo, vemos agora sinais positivos traduzidos pelas previsões de vendas de moradias em resort entre os nossos associados, que se encontram em máximos de 3 anos. As expectativas para o resto do ano são muito auspiciosas, prevendo-se que o mercado continue a prosperar, com uma contínua valorização dos imóveis em zonas como o Algarve e o Alentejo, que continuam a atrair o interesse de investidores nacionais e internacionais. A excelência dos resorts portugueses é já reconhecida em todo o mundo e estes empreendimentos afirmam-se cada vez mais como locais de eleição para adquirir um imóvel para investir ou viver".

Para Ricardo Guimarães, Diretor da Confidencial Imobiliário: "O mercado residencial, como um todo, passou por um período de claro arrefecimento nos últimos dois anos, resultante essencialmente do impacto da subida das taxas de juro e da inflação. Registou-se um menor número de vendas e uma diminuição do ritmo de valorização. Mais recentemente, a melhoria macroeconómica registada levou à recuperação do mercado, voltando a assistir-se a um aumento das vendas. No caso dos Resorts, acabamos por observar o mesmo tipo de comportamento, sendo expetável uma clara recuperação da procura, tal como acontece no mercado em geral".