“A dessalinização é uma possibilidade que deve ser usada como último recurso — quando todas as outras alternativas tiverem sido esgotadas. E esta localização é uma tragédia para os pescadores — a dessalinização tem um consumo de energia muito alto e grandes impactos ambientais”, destacou

esta associação.

Para a QUARPESCA, a “eventual implementação deste projeto compromete a qualidade e a quantidade de peixe” nessas águas.

“Consequentemente, torna impossível para muitas famílias de pescadores que vivem do mar se sustentarem”, frisou, garantindo que os pescadores não aceitarão que isso “polua e arruine seu local de trabalho e lute até o ponto de exaustão contra esse crime ambiental”.

Em desacordo com o projeto, os pescadores também destacaram, no comunicado, que estão “perfeitamente conscientes dos problemas gerados pela falta de água no Algarve”.

“Até porque essa mesma água (da chuva) contém nutrientes importantes para o desenvolvimento e atração de várias espécies de peixes para as áreas costeiras. A Praia da Falésia é uma das praias mais populares para o turismo. Um motivo de orgulho para nós no Algarve”, destacou a QUARPESCA

.

Para a associação de pescadores, a construção da estação “é contraditória com as diretrizes da União Europeia”, porque não promove a proteção das áreas costeiras e do mar do Algarve e não respeita o princípio básico de 'não causar danos significativos (DNSH) '(...) do financiamento público e privado”.

Essa associação também expressou surpresa pelo fato de esse tipo de projeto estar sendo planejado a “apenas cinco milhas” de uma área marinha protegida, o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve - Pedra do Valado, na qual “o objetivo é preservar as 1.294 espécies marinhas”.

Em 3 de abril, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) emitiu uma Declaração de Impacto Ambiental (DIA) a favor do projeto da usina de dessalinização de água do mar a ser instalada em Albufeira, no distrito de Faro, embora condicionado ao cumprimento de um conjunto de condições.

De acordo com aquela entidade, apesar de considerar que os impactos não são significativos, “um conjunto de requisitos que visam salvaguardar esses possíveis impactos, bem como o desenvolvimento de possíveis medidas adicionais de minimização” foram incorporados na decisão.

De acordo com a APA, dado que o procedimento de avaliação de impacto ambiental ocorreu na fase de estudo preliminar, “uma segunda avaliação ocorrerá na fase do projeto de execução, com vista à verificação da conformidade ambiental do projeto de execução” emitido.

A construção de uma central de dessalinização no município de Albufeira, cujo valor base é de 90 milhões de euros, é uma das medidas de resposta à seca que afeta a região sul de Portugal, prevendo-se que o equipamento tenha uma capacidade inicial de conversão de água do mar na capacidade potável de 16 hectómetros cúbicos.

De acordo com a Águas do Algarve, empresa responsável pelo abastecimento de água na região, que é responsável pela gestão de infraestruturas como barragens ou Estações de Tratamento de Águas Residuais, a obra está prevista para ser concluída até o final de 2026.

Este é o ano estabelecido como limite para o uso de fundos do PRR, um programa de apoio criado pela União Europeia para revitalizar a economia após a pandemia de covid-19.

O Algarve está sendo afetado por uma seca que causou uma escassez de reservas de água e o governo anterior tomou medidas para restringir o consumo a serem aplicadas a partir de março, como cortes de 25% na agricultura e 15% no setor urbano.


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