O macho Salao e fêmea Sidra, ambos com 13 meses, foram libertados no concelho de Alcoutim, entre as localidades de Pereiro e Fonte Zambujeira de Cima, numa zona do Vale do Guadiana situada mais a sul do que a escolhida em fevereiro para a libertação dos primeiros dois animais devolvidos à natureza no sul do país.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, assistiu à libertação dos felinos e enalteceu o sucesso que o programa de reprodução e conservação do lince-ibérico tem tido ao longo dos anos, devido ao trabalho do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que tutela o projeto em Portugal, mas também aos proprietários dos terrenos escolhidos para o programa.
“O lince é uma espécie ameaçada, mas tem sido um programa com muito sucesso na Península Ibérica e no nosso país em particular. Recordo que, nos anos 90 tínhamos uma população de cerca de 100 linces-ibéricos e atualmente temos cerca de 1.100 linces-ibéricos, entre Portugal e Espanha, mais de 200 em Portugal”, contabilizou.
Duarte Cordeiro destacou ainda o trabalho do ICNF no Centro de Recuperação do Lince-Ibérico, em Silves, que tem sido articulado com as entidades espanholas no sentido de garantir a “expansão do território do lince-ibérico”.
“E é muito importante este programa continuar a ter o sucesso que tem tido, que revela que estes programas de apoio à conservação das espécies fazem todo o sentido e são também uma referência e um exemplo para outras espécies que merecem igual tratamento”, disse.
Esta espécie esteve em vias de extinção na Península Ibérica, devido à degradação do habitat e pela falta de alimentação, mas o trabalho desenvolvido em cativeiro nos centros de reprodução de Silves e Espanha tem permitido a recuperação da espécie, que conta já com mais de 200 animais em solo português, num total de de mil animais na Península Ibérica, pelo que o ministro assegurou que o projeto terá todo o apoio governamental para continuar a dar frutos.
Após a libertação em Alcoutim, o governante seguiu para Silves, onde foi apresentado um Complexo de Treino e Recuperação de Lince-ibérico (CTRLI), inserido no recinto do Centro Nacional de Reprodução de Lince-Ibérico.
Segundo o ICNF, este equipamento visa "verificar se os jovens linces destinados a libertação no habitat natural (com cerca de 10 meses de idade) dispõem de condições físicas e comportamentais adequadas para a sua subsequente sobrevivência".
As instalações permitem também "acolher temporariamente, tratar e recuperar exemplares de lince-ibérico provenientes da natureza, doentes ou feridos, e que apresentem condições de recuperação viável, em condições de biossegurança", concretizou o ICNF.