Na audição processual da equipa do Ministério da Justiça que decorreu no parlamento, a ministra Rita Alarcão Júdice apresentou dados da Polícia Judiciária(PJ) sobre incendiários detidos.
A ministra respondia ao deputado Fabian Figueiredo, do Bloco de Esquerda, sobre os "alegados interesses que sobrevoam os incêndios" em Portugal, em referência às declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, após os grandes incêndios nas regiões Norte e Centro.
O ministro disse que, em setembro, foram detidas 24 pessoas devido a "fortes indícios" de terem provocado incêndios florestais e não florestais, e que 80% estavam em prisão preventiva, com detidos em várias regiões do país.
"O que está a ser feito é uma investigação aprofundada dos casos das pessoas que alegadamente provocaram estes incêndios e perceber se há um padrão que suscite novas investigações. Não nos podemos contentar com a mera detenção, porque temos de perceber se há um padrão", disse a ministra, adiantando que não podia adiantar mais nada sobre as matérias em investigação criminal.
Acrescentou que está a ser estudada a inclusão da PSP nas equipas que investigam os incêndios e que às duas equipas que operam no norte e centro poderá juntar-se uma terceira no sul, onde ainda não há uma equipa dedicada.
"Respondeu com dados sobre o fogo posto, que é um fenómeno que tem de ser abordado e combatido, com base no conhecimento científico, evitando o populismo criminoso, que foi o que aconteceu", comentou o deputado do Bloco.
O parlamentar referia-se às declarações de Montenegro, que alegava interesses nos incêndios, entretanto desmentidos por investigadores especializados da PJ.
Questionado pelo Livre sobre a contestação judicial aos termos do concurso para recrutamento de 570 novos oficiais de justiça, aberto a 10 de setembro, o ministro reiterou que os termos são os mesmos do concurso interno e que não foram postos em causa pelo Sindicato dos Oficiais de Justiça(SOJ), que interpôs a ação judicial, acrescentando que, ao contrário do concurso anterior, com pouco mais de 100 vagas e para o qual houve apenas cinco candidatos, este já conta com 1.700 candidatos.
"Apesar dessa vontade de criar problemas numa solução que é urgente, temos que lidar com isso", disse o ministro sobre a ação judicial.