O chefe do Governo PSD/CDS-PP foi questionado sobre este assunto durante o debate sobre o estado da nação na Assembleia da República pela líder parlamentar e candidata única à liderança do IL, Mariana Leitão, que o acusou de "falta de coragem" por avançar apenas com uma privatização parcial da companhia aérea.
"Em relação à TAP, eu percebo. O deputado defende a privatização total, e eu também não escondo essa opinião. Mas temos de ser realistas e cautelosos. Esta é a primeira fase, 49,9% do capital", começou por responder o primeiro-ministro.
Luís Montenegro afirmou que, nesta fase, o Governo vai avaliar "o alcance das propostas" apresentadas e se estas se alinham com o "objetivo de viabilizar a empresa e perspetivar o seu crescimento".
"Mas, naturalmente, a partir daí, veremos o que pode ser feito numa segunda fase", acrescentou.
Anteriormente, o líder parlamentar do IL defendeu que "o mínimo que se exigia era a privatização total, algo que, surpreendentemente, até António Costa defendeu" e perguntou ao primeiro-ministro se "vai ter a coragem de fazer o que já devia ter sido feito há muito tempo e aliviar o povo português deste fardo, ou vai continuar a manter a TAP nas mãos do Estado".
Luís Montenegro contrapôs que o Governo PSD/CDS-PP - que não tem maioria absoluta no parlamento - tinha de "garantir as condições políticas e, agora, comerciais para o sucesso da operação".
"E foi isso que fizemos. Fomos mais cautelosos? Sim, fomos. Mas estávamos conscientes. O senhor deputado queria que nós fizéssemos uma proposta mais de acordo com a IL, e depois teria sido contrariada no Parlamento, e sabe o que é que teria acontecido ao fim e ao cabo? Tudo teria ficado na mesma", argumentou.
Segundo o Primeiro-Ministro, "a IL quer mudar tudo, e depois fica tudo na mesma", enquanto o Governo quer "mudar o que é possível para gradualmente alcançar sucessos que terão repercussões na vida do país".