Na ação de protesto marcada para as 19h00, que terá lugar à saída da estação de metro do Aeroporto Humberto Delgado, os cidadãos vão exigir o fim dos voos noturnos, o encerramento do aeroporto, a construção urgente do novo aeroporto de Lisboa fora da capital e "um novo pulmão verde na cidade".

Em declarações à agência Lusa, Sérgio Morais, do grupo, disse que a iniciativa pretende mostrar o descontentamento das pessoas que vivem, trabalham ou estudam em zonas afectadas pelo ruído e poluição gerados pelos aviões.

"Estamos muito preocupados com o arrastamento da situação. As autoridades competentes continuam a ignorar-nos. Estamos no verão. Os voos aumentaram e somos cada vez mais incomodados. Não vemos qualquer solução para o problema. Não ouvimos nada sobre a construção do novo aeroporto", afirmou.

Sérgio Morais referiu que o ruído provocado pelos aviões faz com que os cidadãos residentes nos bairros do Areeiro, Alvalade, Campolide, Campo de Ourique, Camarate, Lumiar e São João da Talha tenham "mau sono, aulas interrompidas, consultas médicas interrompidas, cheiro a combustível e hipertensão também relacionada com o ruído".

"Significativamente pior"

Para o responsável, o problema tem-se agravado "significativamente nos últimos anos", apesar de o Governo ter anunciado, no ano passado, a proibição de voos do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, entre a 01:00 e as 05:00, na sequência das conclusões do grupo de trabalho sobre voos noturnos.

"Verificámos que têm vindo a aumentar o número de voos, sobretudo por ser época de verão. Por isso, decidimos realizar esta reunião para alertar a população para os problemas", disse.

Sérgio Morais adiantou que o grupo vai colocar um bulletin board, um painel para afixação de mensagens.

"Vamos ter o quadro das insónias, um painel onde podem ser deixadas mensagens sobre o que é viver afetado pelo aeroporto. É a chamada insónia, mas não se trata exclusivamente de problemas noturnos, como é óbvio", disse.

Sérgio Morais adiantou ainda que o grupo vai solicitar uma reunião com o Governo para falar sobre os problemas que afectam aquelas zonas.

Em novembro de 2024, o ministro das Infra-estruturas, Miguel Pinto Luz (que se mantém em funções na atual legislatura), anunciou que os voos entre a 1h e as 5h seriam proibidos em Lisboa, conforme recomendação de um grupo de trabalho que analisou a questão e entregou o seu relatório final em julho de 2022.

Em março deste ano, ainda antes das eleições legislativas, o Conselho de Ministros determinou que a Autoridade Nacional da Aviação Civil, entidade reguladora do sector da aviação, implementasse restrições às operações nocturnas.

O executivo PSD/CDS indicou na altura que estavam em causa restrições à operação de aeronaves mais ruidosas entre as 23h e as 7h, para além da imposição de um período sem faixas horárias ('hard-curfew') entre a 1h e as 5h, bem como a implementação de novos procedimentos aeronáuticos para reduzir o ruído.