Em reunião privada do executivo municipal, o projeto arquitetônico do prédio localizado na Rua dos Lusíadas 15-17 foi aprovado com o voto de qualidade do presidente da Câmara, Carlos Moedas (PSD), que governa sem maioria absoluta, após um empate entre votos contra e a favor.

O projeto arquitetônico foi inicialmente proposto em uma reunião do conselho em 2017 pelo então vereador do Urbanismo, Manuel Salgado (PS), mas nunca foi votado, e o processo foi suspenso como parte da consideração de uma petição a favor da preservação da propriedade como um “edifício histórico e patrimonial”.

“Na época, o conselheiro de Planejamento Urbano em exercício solicitou que fossem realizadas reuniões com o arquiteto e o candidato para encontrar uma solução que se encaixasse melhor no local e priorizasse a preservação do edifício existente. Naquela época, o uso proposto era o turismo”, indicou a Câmara Municipal de Lisboa (CML) em resposta à agência Lusa

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A CML notificou “três vezes, entre 2018 e 2022”, a empresa solicitando o projeto, a Imolapa — Imobiliária da Lapa, Lda, como proprietária do imóvel, para que fossem introduzidas mudanças que aumentassem o valor do edifício pré-existente, e várias reuniões de trabalho entre os serviços de Urbanismo e os autores do projeto, do estúdio Pardal Monteiro Arquitetos, “mas nunca foram apresentadas alterações oficiais ao processo”.

De acordo com a autarquia, o estado do edifício piorou e, “com exceção das fachadas e da escadaria, toda a construção está em avançado estado de ruína”.

“A solução atual, corrigida em 2023 e agora aprovada em reunião camarária”, sob proposta da vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação “Novos Tempos” — PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), “respeita os poucos valores patrimoniais que podem ser preservados, especificamente a fachada principal”, destacou a CML, destacando que, ao contrário do que foi proposto em 2017, “o projeto atual muda o uso para habitação coletiva, em vez de turismo, o que aumentará a oferta habitacional na freguesia de Alcântara com mais 15 habitações”.

Datado de 1888, o edifício foi o estúdio/sede da construtora Touzet, fundada pelos construtores franceses Charles Vieillard e Fernand Touzet, autores de grande parte do patrimônio industrial construído em Lisboa, como o complexo arquitetônico da Central Tejo.