“O que a lei prevê é que o sistema de tratamento e reciclagem seja subsidiado por todas as partes interessadas. É claro que o cliente final tem uma participação, mas os produtores também”, disse o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues (PS)
.O prefeito de Gaia também falava no final da reunião do Conselho Metropolitano do Porto, que preside, que reúne os 17 municípios da AMP, explicando que “os grandes produtores de vidro, papel, plástico não estão pagando nada, e o cliente final é você, você está pagando duas vezes”, quando compra produtos e quando paga mensalmente a fatura do lixo.
Eduardo Vítor Rodrigues falou sobre o adiamento sucessivo da entrada em vigor de novos valores de compensação para sistemas de gestão de resíduos, questionando “porquê”.
“Não precisa ser por falta de tempo. Acho que um dia desses precisamos parar e dizer que todos precisam assumir suas responsabilidades. A questão ambiental não é prerrogativa só do cidadão comum, tem que ser de todos”, defendeu
.Durante a reunião dos autarcas, o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo (independente), lembrou que a lei, transposta de uma diretiva europeia, “atribui a responsabilidade ao produtor pelo pagamento de todo o sistema de coleta e tratamento de embalagens em Portugal”.
“Neste momento, de acordo com a lei, a responsabilidade ampliada do produtor é apoiada ilegalmente pelos municípios”, denunciou.
Segundo Filipe Araújo, a lei não é cumprida desde 2017, o que já causou mais de 50 milhões de euros em prejuízos aos municípios da Lipor (Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde).
“O mais importante é que o consumidor pague duas vezes: ele paga quando compra a embalagem e paga novamente quando paga a taxa de desperdício. Isso é absolutamente inaceitável”, frisou, garantindo que o Porto tem “chamado a atenção de entidades há vários anos para este problema
”.