O que está sendo investigado?

A operação está investigando alguns favores, concedidos através de contratos públicos, a membros do Partido Socialista (PS) e do Partido Social Democrata (PSD), envolvendo prefeitos de juntas de freguesia de Lisboa. O MP diz ainda que funcionários e empresários dessas instituições também estão envolvidos no caso

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A investigação começou com uma denúncia anônima feita em 2015 no portal de reclamações da Procuradoria-Geral da República (PGR). Durante a investigação, houve até suspeitas de possíveis trocas de favores entre membros do PS e do PSD, trabalhando em

diferentes freguesias.

Os 60 réus são agora acusados de 463 crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, fraude qualificada, falsificação de documentos, abuso de poder e recebimento indevido de uma vantagem.

Quem são os acusados?

A lista de 60 acusados inclui 13 personalidades de alguma importância nas Juntas de Freguesia onde ocupam cargos. Entre os 60 estão atuais e antigos presidentes de várias juntas de freguesia, bem como alguns conselheiros

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Em causa, por exemplo, estão o atual presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado, acusado de 27 crimes. Assim como seus homólogos no Areeiro e na Penha da França, este último pertencente ao PS, enquanto os outros estão servindo no

PSD.

Fernando Braamcamp, chefe da Junta de Freguesia de Areeiro, tem mais crimes a responder, totalizando 39.

Ângelo Pereira, vereador do PSD na Câmara Municipal de Lisboa, também é acusado do crime de receber indevidamente uma vantagem, tendo tido uma viagem à China paga quando ainda era vereador em Oeiras. Inês Drummond, vereadora do PS, também já foi indiciada por crimes de prevaricação, enquanto estava no cargo na Junta de Freguesia de Benfica, por adjudicar um contrato à empresa Ambigold

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Também foram encontradas relações com a mesma construtora de edifícios entre José Guilherme Aguiar, atual vereador do PS na Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Também houve evidências de relações entre Ambigold e Carlos Eduardo Reis, atual membro do Parlamento português, que suspenderá seu mandato no final

de fevereiro.

Os políticos em questão perderão seus mandatos?

De acordo com a acusação elaborada pelo MP, “os arguidos Sérgio Azevedo, Rodrigo Gonçalves, Vasco Morgado, Nuno Firmo, Luís Newton, Ângelo Pereira, Fernando Braamcamp, Ameetkumar Subhaschandra, Patrícia Brito Leitão, Rodolfo de Castro Pimenta, Ana Sofia Oliveira Dias, Inês de Drummond e José Guilherme Aguiar cometeram os atos de que são acusados no exercício de seu mandato municipal, usando seus respectivos cargos para satisfazer interesses privados em detrimento do interesse público, em grave violação dos deveres inerentes aos seus funciona como prefeitos.”

Diante dos fatos apresentados, o MP acrescenta que “em caso de condenação, deve ser declarada a perda dos mandatos relativos aos cargos políticos de natureza eletiva que efetivamente ocupam, sem prejuízo da declaração de inelegibilidade em atos eleitorais”.

Além da suspensão de seus mandatos, o MP espera que os valores apreendidos sejam declarados por alguns dos réus. Em outras palavras, o dinheiro que foi retirado indevidamente dos cofres do Estado terá que ser reembolsado pelos membros políticos que foram acusados

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Quanto dinheiro o estado perdeu?

De acordo com o MP, o Estado português perdeu mais de €580.000 como resultado dos crimes cometidos por 29 dos acusados. De acordo com a mesma instituição, “os réus obtiveram vantagens patrimoniais indevidas, para si e para terceiros, às custas do erário público, resultantes diretamente da prática dos delitos”. Diante dos fatos, é ordenada a restituição dos valores perdidos em favor do estado

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Deeply in love with music and with a guilty pleasure in criminal cases, Bruno G. Santos decided to study Journalism and Communication, hoping to combine both passions into writing. The journalist is also a passionate traveller who likes to write about other cultures and discover the various hidden gems from Portugal and the world. Press card: 8463. 

Bruno G. Santos