A iniciativa é do Conselho Geral da OA, órgão presidido pela presidente Fernanda de Almeida Pinheiro, e qualquer confirmação pela investigação de práticas ilícitas será encaminhada ao Ministério Público, assegurou.
“Esse é o procedimento normal que temos em todas as circunstâncias. Há notícias públicas de que uma determinada instituição ou pessoa pode ter praticado atos contrários à lei e há órgãos na OA que são responsáveis pela investigação.”
O pedido, enviado hoje ao Conselho Regional de OA Porto, será acompanhado pela comissão de defesa de atos específicos da advocacia.
A comissão inclui todos os conselhos regionais da OA e também membros do Conselho Geral, explicou o presidente, acrescentando que os processos são conduzidos por instrutores que “são prestadores de serviços à OA e têm a independência de verificar se foram ou não reunidas provas suficientes de que existe uma situação de acusação ilícita”.
“Se concluirmos que houve um ato ilícito, ele será encaminhado ao Ministério Público, caso contrário, o caso será arquivado. O que foi tomado em termos da posição pública da OA é a posição que é tomada em todas as circunstâncias”, disse o presidente.
Fernanda de Almeida Pinheiro destacou ainda que o pedido surge do fornecimento de informações pela empresa familiar de Luís Montenegro.
“A declaração pública que foi emitida à imprensa pela empresa em questão [Spinumviva] é encaminhada ao órgão apropriado para investigação sem qualquer tipo de julgamento de valor”, disse.
O crime de representação ilegal pressupõe a prática de atos específicos para advogados, conforme definido por lei, sem qualificação legal para esse fim. De acordo com o regime jurídico dos advogados e solicitadores, o crime é punível com pena de prisão de até um ano ou multa de 120
dias.O jornal Expresso noticiou no final da semana passada que a empresa familiar de Luís Montenegro recebeu uma mensalidade de 4.500 euros do grupo Solverde, proprietário de cassinos e hotéis, por “serviços especializados de conformidade e definição de procedimentos na área de proteção de dados pessoais”.
A polémica com a empresa Spinumviva surgiu com notícias do Correio da Manhã que indicavam que, entre outras atividades, era dedicada à compra e venda de propriedades, informação que foi adicionada a outras notícias sobre empresas e ativos detidos por membros do Governo no setor imobiliário, numa altura em que o Governo está a rever a lei fundiária, com um possível impacto no valor de terrenos e casas.
Na sequência das notícias sobre esta área de atividade da Spinumviva, o Chega anunciou uma moção de censura contra o Governo, que foi rejeitada no parlamento, mas abriu a discussão sobre a possível atividade profissional do primeiro-ministro em paralelo com o exercício de funções governamentais e sobre a identidade dos clientes da empresa e possíveis conflitos de interesse.
Luís Montenegro, que durante a polêmica se recusou a identificar os clientes da empresa, rejeitou qualquer influência sobre sua atividade, insistindo que ele renunciou ao cargo de sócio em junho de 2022, quando transferiu sua parte para sua esposa, o que levantou questões sobre a validade do ato, uma vez que o regime de casamento em comunidade de bens adquiridos pode, segundo especialistas, tornar o ato nulo e sem efeito.
Na sequência das notícias no Expresso na sexta-feira sobre o acordo com o grupo Solverde, a Spinumviva emitiu um comunicado à imprensa revelando os clientes e o valor dos serviços prestados.
Luís Montenegro anunciou um conselho de ministros extraordinário no sábado e uma comunicação ao país “para encerrar o assunto de uma vez por todas”, deixando aberta a possibilidade de novas eleições ao condicionar a continuidade do Governo a uma moção de confiança no Parlamento caso não houvesse esclarecimento da oposição sobre as condições políticas do Governo para continuar.
O PCP anunciou que avançaria com uma moção de censura, que o PS já disse que rejeitaria.
O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, já disse que se a moção de censura do PCP for rejeitada pelo parlamento, não há justificação para o Governo apresentar uma moção de confiança.