“Houve alguns danos, mas nada muito sério. O setor agrícola no oeste do Algarve acabou por ser o mais afetado, com danos nas instalações”, disse à Lusa Diana Ferreira, vice-presidente da Federação Agrícola do Algarve (Fedagri

).

De acordo com o representante da Associação de Operadores de Citrinos do Algarve (AlgarOrange), as condições climáticas tiveram “algum impacto nos pomares, com uma estimativa de 30% da produção sendo afetada”.

No entanto, explicou, a tempestade Martinho teve um “impacto maior” nas fazendas agrícolas da região de barlavento, “principalmente nos produtores de gado, sem danos significativos às instalações, galpões e bebedouros de animais”.

“Houve queda de algumas frutas nos pomares, o que é normal com o vento e chuvas mais fortes, e há situações de podridão causadas pelo aumento da presença de fungos”, observou o responsável.

Segundo Diana Ferreira, “são situações controláveis, com tratamentos e selecionando frutas de centros de frutas que não estão em condições de chegar ao consumidor final”.

Diana Ferreira assegurou que a informação recolhida junto dos produtores “é que não há grandes perdas associadas ao mau tempo na última semana”.

Para o vice-presidente da Fedagri, embora o mau tempo tenha afetado a agricultura, “o saldo acaba sendo mais positivo do que negativo, levando em conta a falta de água que existiu como resultado da seca nos últimos anos”.

“Essa chuva foi muito bem-vinda e temos que ver aspectos positivos disso, pois realmente precisávamos de água para reabastecer as barragens e recarregar nossos aquíferos”, destacou.

De acordo com dados divulgados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), entre 18 e 24 de março, houve um aumento de 78% para 84% (6%) da água armazenada nos seis reservatórios que sustentam o abastecimento público e a agricultura do Algarve.

Para Diana Ferreira, “existe a noção de água das barragens, mas também é preciso saber qual foi o impacto da chuva nas águas subterrâneas”, sublinhando que 60% da agricultura no Algarve depende dessa água.

“Além da agricultura, há também uma grande população, principalmente no interior e no Barrocal do Algarve, que depende das águas subterrâneas”, destacou.

O responsável considera que “é essencial” que a APA também divulgue dados relativos às águas subterrâneas, porque esse é “um ponto chave que não pode ser esquecido”.