Todos os dias, há senhas limitadas em cada loja para advogados, que não conseguem lidar com procedimentos administrativos simples, disse o advogado brasileiro, que trabalha em Portugal há seis anos.
No escritório de Lisboa, onde ocorreu o protesto que reuniu uma dezena de advogados, há apenas dez ingressos disponíveis por dia para advogados e isso significa que muitos precisam viajar de madrugada para serem vistos, pois os espaços são preenchidos muito antes de as portas se abrirem às 9:00.
“O que vamos dizer aos nossos clientes se não tivermos acesso à loja, que está aberta e temos essa limitação?” , perguntou o advogado.
“Sem resposta”
O grupo de advogados pediu para ser ouvido pela administração da AIMA, mas até agora não recebeu resposta
.“Ontem tivemos uma colega que veio do Algarve, ela veio de madrugada, às 4h, e até disse que não tinha certeza se teria a sorte de estar entre as dez melhores”, explicou Elaine Linhares, considerando que a falta de acesso constitui uma “limitação ao trabalho de advogados que trabalham com imigrantes”.
Outros meios de contato não fornecem nenhuma resposta: “O e-mail é excluído, o call center não responde, as cartas não são respondidas. Então, o único meio [possível] de comunicação é nossa presença aqui, pessoalmente.”
Nos últimos meses, as ações judiciais para exigir o cumprimento de solicitações administrativas aumentaram devido à falta de resposta, mas mesmo que o uso dos tribunais aumente, atos administrativos ainda são necessários, como consultar um processo.
“Não temos acesso a nada”, reclamou o advogado.
“Essa inércia causa limitações para os imigrantes” que “não têm documentos, não têm garantias para nada, porque, sem documentos, a pessoa é invisível, uma pessoa sem documentos que não pode sair de Portugal, não pode ter acesso a cuidados de saúde, não pode fazer nada”, acusou Elaine Linhares.
Sem documentos, um cidadão é “inexistente, mas continua pagando impostos e trabalhando”, acrescentou, destacando que o Estado recebe o dinheiro pelos documentos, mas depois não responde.
Outra das líderes desse movimento, Patrícia Viana, acusa a AIMA de não responder às denúncias dos advogados, que vêm acontecendo há muito tempo.
De acordo com o direito administrativo, “temos o direito de acesso prioritário à consulta de processos, porque estamos aqui defendendo os direitos constitucionais de nossos clientes, mas simplesmente chegamos aqui, não temos direito à consulta”, afirmou o advogado.
Além disso, “nem sequer temos um livro de reclamações”, como é a regra na administração pública.
“Eu tentei fazer uma reclamação, mas eles me deram uma folha de papel em branco”, explicou Patrícia Viana.
A agência noticiosa Lusa tentou obter um comentário sobre este protesto e as queixas da administração da AIMA mas ainda não obteve resposta.