Modestas conservas de peixe para muitos, para os portugueses muito mais do que isso. Para além de uma grande fonte de exportação, as sardinhas em lata fazem parte do património gastronómico do nosso país e são um marco cultural que tanto nos orgulha.
No século XIX surgiu a necessidade de preservar os alimentos para o seu uso em viagens marítimas e em períodos de escassez.
Portugal teve sempre uma relação estreita com o mar e uma rica tradição piscatória. As sardinhas eram abundantes nas águas do Atlântico, nem sempre o seu consumo era o suficiente para a quantidade pescada e a necessidade de preservar o excedente levou à solução do enlatamento para que estas ficassem conservadas e utilizadas a posteriori.
Sendo um país forte em viagens marítimas, a solução do enlatamento veio a ser uma mais-valia na alimentação da tripulação. A história das sardinhas em lata remota ao século XIX, quando o processo de conservação começou a ser desenvolvido, os alimentos eram cozinhados, embalados em recipientes herméticos e submetidos a altas temperaturas para matar as bactérias que causavam a deterioração. Esta técnica permitia que as sardinhas fossem preservadas por um longo período sem necessidade de refrigeração. Este processo desempenhou um papel crucial na sua comercialização e distribuição por todo o mundo.
O setor das sardinhas em lata é uma indústria significativa em Portugal. Além de criar emprego em várias etapas do processo, desde a pesca até a produção, a exportação de sardinhas em entaladas permite que Portugal alcance mercados internacionais, tento um forte papel da economia do país.
Para além do impacto económico direto, também desempenham um papel importante na atração de turismo para o nosso país. Os turistas vêm à procura de novas experiências e a gastronomia, como todos sabemos, desempenha um papel fundamental nessa procura. A presença de sardinhas enlatadas em lojas e mercados permite que os visitantes levem para sua casa uma amostra da culinária portuguesa.
Com o passar dos anos as embalagens das sardinhas têm sofrido algumas alterações e modernização. Atualmente, os seus designs são autênticas obras de arte, retratando cenas tradicionais, azulejos coloridos e outros elementos que evocam o espírito e as tradições do país, tornando as latas cada vez mais apetecíveis.
Para os portugueses estas sardinhas em lata são mais do que meros enlatados comuns, representam um pouco do património cultural do nosso país sendo parte integrante da identidade nacional e representando uma conexão com o passado.
Em suma, as sardinhas em lata têm um lugar especial no coração de todos os portugueses, não só como alimento, mas como símbolo de tradição, cultura, orgulho nacional. A relação dos portugueses com as sardinhas em lata vai para além do aspeto econômico, reflete uma ligação profunda com a história e com a essência de ser português carregando um símbolo profundo que vai para além do paladar e da nutrição.
Cláudia Ferreira, who holds a degree in Communication Sciences from Universidade Autónoma de Lisboa, is currently serving as the assistant director and commercial representative at Casaiberia.