No final de maio, Portugal tinha uma média de 130 notificações de casos positivos de Covid-19 por dia e nos últimos sete dias a média diária rondou as 390, explicou o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, referindo que, no início de maio, o número de notificações era "muito baixo", cerca de dez casos.

Relativamente ao número de mortes, Manuel Carmo Gomes disse que são "aproximadamente 12 por dia", o que representa também "um grande aumento em relação há um mês", quando se registavam cerca de três mortes por dia.

"Se recuarmos cerca de dois meses, nessa altura tínhamos uma morte a cada dois dias", disse o epidemiologista e membro da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19.

Segundo Carmo Gomes, registou-se também "um grande aumento" do número de mortes de doentes internados nos hospitais públicos que testaram positivo, o que não significa que tenham sido internados por causa da Covid-19.

O responsável destacou ainda o aumento de quase 30% dos doentes internados que testaram positivo nos últimos três meses.

"Neste momento, as pessoas que testam positivo à Covid e estão internadas, um pouco mais de metade têm mais de 60 anos" e cerca de 24% mais de 80 anos, disse, salientando que, eventualmente, é nesta faixa etária que se registam mais mortes devido a várias doenças.

Como razões para este aumento de casos, Carmo Gomes apontou a evolução do vírus SARS-Cov-2, com o aparecimento de novas estirpes capazes de escapar aos anticorpos.

Lembrou ainda que a cobertura vacinal no outono passado "não foi brilhante".

"As pessoas com mais de 60 anos tiveram uma cobertura vacinal de cerca de 66%, o que significa que os outros 34% nem sequer foram vacinados no outono, não tiveram contacto com a vacina durante mais de um ano e meio", observou.

Apesar de uma grande parte da população adulta não estar protegida contra a infeção, e se entrar em contacto com o vírus, através da inalação de partículas virais que estão suspensas no ar, será infetada, está protegida contra "o ataque da doença".

Segundo o especialista, a grande maioria "não tem uma doença muito grave, recupera e não vai parar ao hospital".