De acordo com um estudo realizado pela Associação Business Roundtable (ABR) e a consultora Deloitte, o retorno destes jovens melhoraria as perspetivas económicas do país de várias formas. O estudo, apresentado no início de julho, revelou que a economia portuguesa poderia beneficiar de um aumento de 1,6 mil milhões de euros no valor acrescentado bruto (VAB), o que se traduziria num crescimento de 0,65 pontos percentuais no PIB (0,42 pontos no PIB per capita).

A criação de condições para atrair e reter licenciados, a uma taxa de 19 mil por ano, trabalhando em grandes empresas, seria um passo crucial para Portugal alcançar a média da União Europeia (UE) mais rapidamente. Atualmente, a economia portuguesa enfrenta desafios devido à "fuga de talentos" dos últimos 20 anos. Cerca de 1,5 milhões de portugueses optaram por trabalhar no estrangeiro, com um terço deste número sendo jovens entre 15 e 39 anos. Além disso, metade dos jovens entre 14 e 29 anos já expressaram a intenção de deixar o país, e poucos consideram regressar.

O professor Pedro Brinca, da Nova SBE, realizou uma análise para a ABR, que estima que o retorno dos 194 mil licenciados emigrados traria 1,6 mil milhões de euros de VAB adicional a Portugal. Este valor representaria um aumento de 0,61 pontos percentuais na taxa de crescimento do PIB, equivalente a mais 0,42 pontos percentuais no PIB per capita. Com isso, Portugal poderia antecipar a convergência com a Zona Euro e a UE para 2046, em vez das previsões atuais de 2056 e 2060, respetivamente, um avanço de 10 a 14 anos.

Além do retorno dos jovens licenciados, o crescimento da economia também depende do desenvolvimento das startups e pequenas e médias empresas (PMEs) nacionais em empresas grandes e globais. Atualmente, as PMEs constituem 99,9% das empresas portuguesas, mas geram apenas 61% do VAB. Por outro lado, as grandes empresas, que representam 0,1% do total, empregam 22% da força de trabalho e geram 39% do VAB. Na UE, as grandes empresas empregam, em média, 36% da força de trabalho, comparado aos 22% em Portugal. Alinhar a distribuição das empresas com a média europeia poderia aumentar o PIB português de 265 mil milhões para 309 mil milhões de euros (+16,4%), e o PIB per capita de 25,4 para 29,3 mil euros.

Esta mudança, combinada com o retorno do talento emigrado, fortaleceria a trajetória de crescimento da economia portuguesa e permitiria antecipar a convergência com a UE e a Zona Euro para 2033, um avanço de 23 a 27 anos. No entanto, convencer quem saiu a regressar a Portugal é um desafio complexo, mas o potencial benefício é enorme. Para alcançar este objetivo, é essencial que a sociedade, as empresas e o Estado trabalhem juntos para criar condições e oportunidades que transformem essa ambição em ação e impacto real.

Inverter a fuga de talentos da geração mais qualificada de sempre deve ser uma prioridade urgente, já que a saída destes jovens tem travado a geração de riqueza nacional e o crescimento do país. Nos últimos 20 anos, 1,5 milhões de portugueses deixaram Portugal, e dos 875 mil que emigraram entre 2011 e 2021, apenas 132 mil regressaram, ou seja, apenas um em cada sete retornou. Estes jovens saíram desiludidos com Portugal, e é crucial mudar esta perceção para incentivá-los a voltar. A colaboração entre todos os setores da sociedade é necessária para criar um futuro mais próspero para Portugal e as suas novas gerações.


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Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon - CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.

Paulo Lopes