Segundo a SIC Notícias, em entrevista à Renascença e ao Público, o ex-comissário europeu afirmou que, apesar de existirem "várias formas possíveis de organizar a imigração regular", o Governo optou por uma que considera não ser suficiente.

"O Governo tem manifestado uma preferência, que é as pessoas pedirem um visto de trabalho e terem um contrato de trabalho. Essa é uma das opções possíveis. Penso que não é suficiente. Penso que é preciso ser mais corajoso para o nosso país."

António Vitorino pede ao Governo que seja ousado no sentido de "ser pró-ativo na procura de imigrantes que são necessários para determinados sectores de emprego na sociedade portuguesa", destacando os números da imigração em sectores como a agricultura, as pescas, a hotelaria, o turismo e a construção civil.

"É relativamente claro que este contingente de imigrantes é necessário para garantir uma coisa muito simples: a economia portuguesa", defende.

O ex-diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações também reconhece que a imigração qualificada é necessária, no entanto, "se forem a lares de idosos, se forem a creches, vão ver que não é preciso ter um doutoramento, não é preciso ter um doutoramento para preencher esses postos de trabalho".

"Este é o grande erro da narrativa atual: que só precisamos de trabalhadores qualificados. Isso não é verdade. Precisamos de trabalhadores de todas as categorias de competências. Não conheço nenhuma lista de espera de portugueses que queiram ir apanhar frutos vermelhos em Odemira."

Na entrevista, António Vitorino afirma ainda que não se pode "rotular de racistas todos aqueles que se sentem incomodados com o fluxo migratório", porque "conviver com a diversidade é, por vezes, um exercício difícil". Para isso, defende a necessidade de investir em políticas de integração na sociedade portuguesa e em articulação com os países de origem dos imigrantes.

Aumenta a entrada de imigrantes

De acordo com a SIC Notícias, o número de imigrantes que entraram em Portugal aumentou 95% em dois anos. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística(INE) mostram que o número atingiu o valor mais alto desde 2015.

A população residente em Portugal voltou a aumentar no ano passado. Em 2023, viviam no país mais de 10,5 milhões de pessoas, o que representa um aumento de 123 mil habitantes em relação ao ano anterior. Este crescimento deve-se à imigração.

Estima-se que tenham entrado cerca de 190 mil imigrantes permanentes, um aumento de 95% quando comparado com o valor registado em 2021.