Bem, não foi de propósito.Na minha recente viagem à Irlanda rural, fomos ao mercado de gado local e, numa pequena cidade onde nada acontece, o mercado de gado toma conta da cidade, com os tractores e atrelados estacionados a meio dos caminhos, o barulho do gado a gemer, a voz do leiloeiro num altifalante - e um cheiro inconfundível a pairar na brisa -, se fosse surdo, teria de certeza os seus sentidos alertados para o que se estava a passar.

Tentámos parecer invisíveis

Sentámo-nos o mais discretamente possível na sala de leilões, mas, como mulheres num ambiente masculino, éramos um sinal de que não pertencíamos a esta multidão de homens com chapéus de feltro, galochas, calças de ganga enlameadas e anoraques. Era exatamente como se vê na televisão - a sala de vendas, um pequeno recinto circular no centro de compradores/vendedores de pé ou sentados, onde, um a um, o gado assustado era introduzido e gentilmente cutucado por um boiadeiro com uma vara para o manter em movimento no recinto. Os agricultores pareciam observadores, sussurrando uns para os outros e apoiando-se na barreira, sem dúvida que pequenos movimentos das sobrancelhas ou puxões nos lóbulos das orelhas eram suficientes para o leiloeiro - que, tradicionalmente, falava tão depressa que era impossível dizer se a nossa vaca preferida tinha sido vendida por 25 ou 2025 euros. Evitámos fazer contacto visual com o leiloeiro, para o caso de isso poder ser mal interpretado como uma licitação, e conseguimos escapar por entre as novilhas antes de sermos leiloados.

O jornal local

Peguei num exemplar do jornal semanal gratuito local e havia pelo menos seis páginas de eventos desportivos locais - como é que tanta coisa se podia passar num pequeno canto de um país húmido e lamacento? Mas lá estava ele, com provas impressas em colunas, acompanhadas por fotografias de jogadores de futebol com um ar frio e arrebatado e fotografias de grupos de rapazes de equipas locais alinhados e sorridentes, ainda imaculados no seu equipamento, e uma estranha coleção de anúncios de serviços religiosos, obituários (que Deus os tenha), vendas de propriedades, um leilão de máquinas agrícolas, mais dois ou três matadouros de gado, suponho, à procura de "animais mortos e desgastados", e outro que se oferecia para comprar "vacas e gado coxo e abatido - tudo o que for considerado". Uma página indicava as datas e os locais de vários leilões de gado que se aproximavam, com diferentes categorias de gado - "venda de novilhas de engorda", "venda especial de novilhos", venda de "vacas secas", "vitelos/bezerros de corrida e desmamados". Não fazia ideia de que havia tantas categorias!

O que também me divertiu foi a reportagem de um senhor que tinha ido pela primeira vez a um barbeiro de corte para aparar a barba, ou como ele lhe chamou, um "regulador de barba". Era um artigo bem escrito - com boa publicidade para o barbeiro, devo acrescentar.

Destaque

O ponto alto da nossa visita foi a um dos pubs mais antigos da Irlanda para uma festa de música local, contos e danças. Este pub único foi fundado em 1734 e é um antigo pub de colmo bem preservado, conhecido como um local de música que oferece um lugar à volta dos músicos, cantores e dançarinos - e fomos convidados, através de uma conversa animada, a cantar, tocar ou dançar com eles!

E finalmente... o tempo

Curiosamente, o tema do tempo hoje, amanhã, na semana passada, na próxima semana ou em qualquer altura foi um assunto tão debatido lá como cá em Portugal e, de facto, em vez de uma semana de tempo frio e húmido, fomos brindados não propriamente com céus azuis, mas com manchas de sol a romper o céu cinzento e frio. A frase "Têm tido sorte com o tempo" foi interpretada como um bom presságio, especialmente porque vimos provas evidentes de uma tempestade recente - árvores antigas arrancadas e serradas em montes - tanto mais que tinha estado a cair e a "soprar um hoolie" em Portugal enquanto estávamos fora!

Author

Marilyn writes regularly for The Portugal News, and has lived in the Algarve for some years. A dog-lover, she has lived in Ireland, UK, Bermuda and the Isle of Man. 

Marilyn Sheridan