Em declarações à agência Lusa, antes do início da reunião da Comissão Municipal de Emergência e Proteção Civil, o autarca disse que "os prejuízos são enormes, incalculáveis. O município já pediu apoio ao Governo para ajudar quem ficou sem nada".
A comissão vai fazer uma primeira avaliação dos danos causados pelo incêndio e decidir se mantém o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil, ativado às 17h30 de domingo.
"Vamos iniciar esse levantamento, mas sabemos que vários produtores perderam explorações e máquinas agrícolas, há criadores de gado com animais que precisam de ser alimentados e arderam muitos castanheiros, oliveiras, vinhas, árvores de fruto e pinhais", diz o presidente da Câmara de Trancoso.
Amílcar Salvador acrescenta que "já arderam cerca de 8.000 hectares nestes dois dias, o que é uma área muito grande para um concelho como Trancoso".
"Muito complicado"
De acordo com o autarca, foram dois dias "muito complicados" naquele concelho do distrito da Guarda, em que a intervenção do público foi "muito importante".
"Os habitantes locais combateram as chamas à entrada das aldeias, o que evitou que ardessem casas primárias e, felizmente, não houve vítimas mortais. Foram muito importantes porque eram eles que conheciam o terreno", elogiou.
Segundo a Proteção Civil, o incêndio provocou seis feridos ligeiros, três dos quais bombeiros, e 11 pessoas necessitaram de tratamento no local por inalação de fumo.
O presidente da Câmara Municipal de Trancoso desvaloriza as críticas sobre a falta de meios no terreno e afirma que havia muitos recursos dedicados ao combate às chamas.
"O problema foram os ventos fortes. Foi quase impossível travar as chamas, houve alturas em que o fogo ficou completamente fora de controlo, sobretudo no domingo", reconhece.
Amílcar Salvador recorda que estiveram no terreno "mais de 70 corpos de bombeiros, 500 bombeiros e mais de 200 viaturas, mas por vezes não conseguimos estar no sítio certo, com o fumo e os ventos fortes a dificultarem muito o trabalho dos bombeiros".
O presidente da Câmara de Trancoso acrescenta que, a partir da manhã de segunda-feira, "a situação está mais calma, havendo apenas dois incêndios na zona de Aldeia Nova, muito perto do concelho de Fornos de Algodres, e na serra do Reboleiro".
Ao final da manhã de segunda-feira, o incêndio de Trancoso era a principal ocorrência registada pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil(ANEPC), com 636 bombeiros, apoiados por 217 veículos e sete aeronaves, envolvidos no combate às chamas.
O crescimento das chamas não está a colocar em risco nenhuma povoação e os trabalhos dos bombeiros estão a decorrer favoravelmente, segundo a Proteção Civil.