Mais 50 milhões de euros necessários para a central de dessalinização

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, alertou que são necessários 50 milhões de euros para financiar a construção da futura central de dessalinização, em comparação com o apoio previsto no Plano de Recuperação

e Resiliência (PRR).

“O projeto inicialmente tinha um certo valor esperado e sabemos que será entre 106 e 108 milhões [de euros]. As duas propostas apresentadas foram nessa ordem desses valores, o que significa que são necessários mais 50 milhões [de euros] para financiar 100% desse investimento”, disse o autarca de Olhão

.

De acordo com a plataforma de contratação pública ACinGov, consultada pela Lusa em 16 de julho, quatro empresas haviam concorrido até o final do concurso em 7 de julho, mas apenas duas haviam apresentado propostas abaixo dos 108 milhões de euros, o limite indicado pela Águas do Algarve. A Aquapor, que uniu forças com o grupo espanhol GS Inima, apresentou uma proposta total de 107,92 milhões de euros, enquanto a Transwater e a Cimontubo, que uniram forças com a empresa espanhola Tedagua, que pertence ao grupo Cobra,

apresentaram 106,97 milhões.

A usina de dessalinização terá uma capacidade inicial de 16 hectômetros cúbicos para converter água do mar em água potável e será financiada pelo PRR com um investimento de cerca de 50 milhões de euros.

António Miguel Pina considerou que o valor em falta poderia vir “ou do Orçamento do Estado ou da alocação de fundos do RRP” e que o Governo poderia usar fundos de outros projetos “que não poderão ser executados dentro do prazo”.

O presidente da AMAL expressou preocupação com a possibilidade de a Águas do Algarve, promotora do projeto, repassar o custo da usina de dessalinização nas contas de água e, nesse caso, diretamente aos consumidores, caso tivesse que usar fundos próprios.

“Essa é a pergunta que vamos fazer à Águas do Algarve, se tivesse que financiar com fundos próprios e se endividar, que impacto isso teria na tarifa? Esse valor nunca foi apresentado pela Águas do Algarve”, frisou.

“Repensar”

Argumentando que o Governo deveria repensar a questão porque isso “é justo para o povo do Algarve”, o presidente da AMAL considerou que houve “um mal-entendido” por parte dos governos em relação à “suposta riqueza do povo do

Algarve”.

“Nem sempre podemos ser aqueles que contribuem positivamente para o Orçamento do Estado, mas então os investimentos do Estado no Algarve estão muito abaixo da nossa contribuição”, frisou.

O presidente da AMAL destacou ainda que “o Algarve tem um problema de gestão de resíduos”, referindo-se à ALGAR, empresa que coleta e trata resíduos na região.

“No verão, você vê muitas caixas não coletadas de plástico, vidro e papelão. Este problema piorou com a privatização [da empresa] e a proposta dos municípios — já no Governo anterior e também a reforçaremos com este — é que possamos assumir mais responsabilidades nesta área e, para isso, podemos contar com a capacidade de financiar novos caminhões para coleta de resíduos especializados, que poderiam substituir o ALGAR”, acrescentou

o prefeito.