A primeira estimativa provisória da emigração portuguesa em 2023 indica que entre 70 e 75 mil portugueses terão emigrado nesse ano, com dados sobre a França ainda a serem tidos em conta, de acordo com informações do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa, que sediará a conferência “A obsessão com a migração: por que as políticas de imigração e diversidade estão constantemente em crise?” na quinta-feira.

“Há sinais de estabilização da emigração em Portugal, que para serem compensados devem contar com uma entrada anual equivalente de novos imigrantes no país”, lê-se na nota do ISCTE.

A conferência contará com a presença de Peter Scholten, ex-diretor da maior rede europeia de pesquisa acadêmica sobre migração, integração e coesão social e incluirá o lançamento do Portal Europeu da Emigração.

Este portal publicará dados sobre emigração de todos os países da União Europeia, Reino Unido, Suíça, Noruega e Islândia.

Segundo o ISCTE, a França é o país europeu onde vivem mais portugueses (quase 600 mil em 2024) e a Suíça foi, em 2023, o país para o qual mais portugueses emigraram (cerca de 13 mil).

Os dados sobre a emigração portuguesa são publicados anualmente pelo Observatório da Emigração, que recolhe dados sobre a entrada e fixação de portugueses em outros países.

Esta é a metodologia que o Observatório da Emigração está aplicando agora para medir e caracterizar a emigração de todos os países europeus, criando o primeiro e único portal europeu com essas informações.

Os dados mais recentes sobre a emigração portuguesa — entre 70 e 75 mil portugueses — “permitem descobrir que a ideia de que a emigração portuguesa é uma das mais altas da Europa é falsa: a taxa de emigração de Portugal é intermediária”, diz o sociólogo Rui Pena Pires, coordenador científico do Observatório da Emigração até o início deste ano.

“Os dados também confirmam que, ao contrário das ideias atuais sobre o assunto, emigração não é sinônimo de subdesenvolvimento, conforme demonstrado pelos dados mais recentes das Nações Unidas. Via de regra, a taxa de emigração é maior quanto maior for o índice de desenvolvimento humano (IDH) dos países”

, acrescentou.

Para Peter Scholten, professor da Universidade Erasmus em Roterdã, Holanda, “as políticas de migração devem ser integradas às áreas convencionais da política pública setorial, em vez de serem uma política setorial em si”.

O ex-diretor da IMISCOE, a maior rede de pesquisa acadêmica da Europa sobre migração, integração e coesão social, argumenta que não é possível que os governos gerenciem a diversidade e a complexidade da migração com uma política única e específica, centrada em uma Secretaria de Estado ou em um Ministério.

Em 2022, cerca de 60.000 portugueses emigraram, com o Reino Unido perdendo importância devido ao Brexit e a Suíça voltando a ser o principal país de destino.

As últimas estimativas das Nações Unidas indicam que 1.799.179 portugueses viviam no exterior em 2024.

Em 2023, de acordo com os dados mais recentes divulgados pela Agência para a Integração, Migração e Asilo (AIMA), 1.044.606 cidadãos estrangeiros viviam em Portugal.