Luís Montenegro falava à imprensa no final de um almoço de trabalho com o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, na residência oficial em São Bento, Lisboa, onde ambos prestaram declarações sem direito a perguntas.
"Quero dizer, em nome do Governo português, que estamos disponíveis para avançar ainda mais com o nosso calendário de investimentos nesta área", assegurou, sem avançar uma data concreta.
O primeiro-ministro defendeu que a União Europeia "deve atuar como um bloco" e acordar a estratégia e a localização dos investimentos na área da defesa, sem "triplicar ou quadruplicar" os seus investimentos.
O primeiro-ministro explicou que o prazo para Portugal atingir a meta dos 2% - que, pouco depois, o secretário-geral da NATO considerou insuficiente - dependerá de uma 'task force' criada entre os ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Defesa Nacional, da Economia e das Finanças, e que poderá também ser alargada "a outras áreas da governação".
"Ele está a finalizar o seu trabalho com vista a tornar mais atrativo e viável o projeto de reforço da nossa capacidade, sobretudo produtiva e industrial. Mas estamos conscientes de que na Europa não estamos sozinhos, nem devemos estar sozinhos, e por isso teremos de alinhar este caminho com as perspectivas da Aliança Atlântica, mas também com as perspectivas da União Europeia", sublinhou.
Montenegro salientou que os 23 Estados-Membros da União Europeia que fazem parte da NATO "já investem mais de 2% do seu produto na Defesa".
"Não abdico da responsabilidade, em nome de Portugal, de o fazer o mais rapidamente possível e de redefinir os nossos objectivos. Mas também temos de atuar como um bloco e temos de atuar como um bloco na implementação de políticas e investimentos para sermos mais eficientes", defendeu.
O chefe do Governo português disse ter transmitido pessoalmente ao secretário-geral da NATO que "Portugal está fortemente empenhado em ser parte ativa" na valorização da estratégia da Aliança Atlântica e fez questão de dizer que isso nada tem a ver com a recente eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos da América.
"Obviamente, temos todo o interesse em reforçar a nossa relação com os Estados Unidos da América (...) Mas a Europa terá sempre de o fazer, independentemente do que aconteça em relação à política interna americana e às suas repercussões na esfera externa", defendeu.
Para Montenegro, um maior investimento na indústria de defesa significará "uma maior autonomia da Europa, salvaguardando a economia europeia e, consequentemente, o Estado social europeu".
"É neste contexto que tornámos este compromisso uma prioridade e já o tínhamos feito, mesmo antes das eleições americanas", afirmou.
Montenegro recordou que, na cimeira da NATO em Washington, em julho do ano passado, se comprometeu com todos os aliados a antecipar de 2030 para 2029 o compromisso de Portugal de atingir 2% do PIB em despesas dirigidas ao sector da defesa.
"Significa um enorme esforço financeiro para Portugal avançar um ano. Exige uma aceleração de uma trajetória que, infelizmente, nos últimos anos fez com que nem sempre conseguíssemos atingir aquilo que era o objetivo", afirmou.
O primeiro-ministro garantiu que há "um forte compromisso" com este objetivo em Portugal, por parte do Governo, mas também de outras forças políticas, em particular, "do principal partido da oposição", o PS.