Por decisão do conselho interprofissional do
Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), a Região Demarcada do Douro vai
transformar um total de 116 mil pipas de mosto em vinho do Porto nesta vindima,
mais 12 mil do que no ano anterior.
O benefício de 116 mil pipas (550 litros
cada) de mosto para produção de Vinho do Porto foi o principal resultado do
comunicado de vindima aprovado, no dia 14 de julho, pelo IVDP que esteve
reunido no Peso da Régua, distrito de Vila Real.
O benefício consiste na quantidade de mosto
que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto e é uma
importante fonte de receita dos produtores do Douro.
Para chegar a este valor, a IVDP teve em
conta vários fatores, como as vendas, os stocks das empresas ou a produção
prevista.
“Este é um sinal de confiança que é dado pelo
setor e que visa a sustentabilidade económica e social da região num ano de
grande imprevisibilidade”, afirmou o presidente do IVDP, Gilberto Igrejas.
O presidente do IVDP apontou que “2021 foi um
ano excecional, em que foram atingidos valores recorde e que os dados disponíveis
do primeiro semestre deste ano mostram, igualmente, um bom comportamento”, se
for tido em conta “o contexto internacional”.
Em 2021, foram vendidos 607 milhões de euros
de vinho de Porto. Perante estes dados, Gilberto Igrejas não deixa de destacar
o “excelente comportamento do mercado nacional”, que “tem vindo em crescendo”.
Para além do presidente do IVDP, Gilberto
Igrejas, que representa o Estado, o conselho interprofissional é composto pelos
dois vice-presidentes e representantes da produção e do comércio distribuídos
pelas duas secções especializadas (Porto e Douro).
“Conseguimos chegar a um valor de consenso e
é importante para a sustentabilidade da região. Falamos muito em
sustentabilidade ambiental, mas nós precisamos de ter sustentabilidade social e
económica”, salientou o vice-presidente indicado pela produção, Rui Paredes.
O responsável lembrou que o Douro é um
património “humanizado”, trabalhado pelo homem e, por isso, frisou que “nesta
equação é necessário o homem”. Na sua opinião, o “benefício é uma salvaguarda”.
O vice-presidente indicado pelo comércio,
António Filipe, disse tratar-se de um “valor equilibrado” e que “projeta o
futuro”.
“Não estamos a olhar para o que se passa
hoje, com a inflação, com as taxas de juro, com guerras, se calhar a posição
teria sido um bocadinho mais cautelosa, mas nós temos é que projetar o futuro”,
frisou, referindo que o benefício de 116 mil pipas “representa claramente um
volume maior de vinho produzido do que são as vendas expectáveis para este ano”.
Aliás, o ano de 2022 é de “incertezas”
para a região do Douro que enfrenta problemas ao nível da falta de água, que
provoca stress hídrico na videira, e o calor intenso.