As ambições de Portugal no setor espacial deram um passo em frente significativo, graças ao Atlantic Spaceport Consortium (ASC). Nos dias 27 e 28 de setembro de 2024, o ASC lançou com sucesso dois foguetes atmosféricos a partir da ilha de Santa Maria, localizada a 1.500 quilómetros da costa portuguesa, nos Açores. Estes lançamentos assinalam um novo capítulo na exploração espacial portuguesa e demonstram a crescente capacidade do país na indústria espacial.
A visão por trás da ASC e do Porto Espacial de Santa Maria
Fundado em 2020, o Atlantic Spaceport Consortium está liderando os esforços para desenvolver um espaçoporto comercial na Ilha de Santa Maria. O objetivo é estabelecer um porto espacial totalmente operacional que possa apoiar lançamentos comerciais de satélites, pesquisas suborbitais e atmosféricas e lançamentos orbitais potencialmente de maior escala no futuro. No âmbito destes esforços, a ASC tem vindo a colaborar com a NAV Portugal, a autoridade nacional de gestão do espaço aéreo, para definir o quadro regulamentar para futuros lançamentos, incluindo zonas de exclusão e protocolos de segurança.
Este recente lançamento não foi apenas uma demonstração técnica, mas uma montra da crescente experiência de Portugal em tecnologia espacial. Segundo Bruno Carvalho, Diretor da ASC, "quisemos demonstrar que a competência operacional para lançar e recuperar este tipo de foguetes, bem como a capacidade industrial para os desenvolver e fabricar, existe em Portugal". O lançamento marca um passo importante na estratégia do consórcio para tornar Portugal um ator chave no mercado global de lançamentos espaciais comerciais.
Detalhes dos lançamentos de foguetes
O foguete usado para ambos os voos de teste foi o GAMA, um foguete de 3,35 metros projetado, fabricado e operado pela ASC. O primeiro lançamento ocorreu em 27 de setembro de 2024, às 13:04 UTC, atingindo uma altitude de 5.596 metros. O segundo voo ocorreu em 28 de setembro de 2024, às 11:49 UTC. Embora a ASC tenha mencionado que o segundo voo "não foi perfeito", a falta de informações detalhadas sugere que a missão pode ter encontrado pequenos desafios técnicos.
Apesar do ligeiro soluço, a demonstração bem-sucedida do GAMA é uma indicação clara da capacidade de Portugal para desenvolver e operar foguetes. Além disso, esses lançamentos ajudaram a testar as diretrizes iniciais para o porto espacial, incluindo zonas de segurança e protocolos de voo, preparando o terreno para missões maiores e mais complexas no futuro.
O Futuro do Sector Espacial em Portugal
O sucesso desses lançamentos é um passo significativo para a realização da visão de longo prazo da ASC de construir um porto espacial comercial na Ilha de Santa Maria. Com o desenvolvimento contínuo, o consórcio pretende refinar seus procedimentos operacionais, abrindo caminho para foguetes orbitais maiores capazes de chegar ao espaço. O potencial para lançamentos espaciais regulares a partir dos Açores coloca Portugal numa posição vantajosa, dada a sua localização geográfica e crescente competência técnica.
Ao estabelecer um porto espacial comercial, a ASC não só está a contribuir para a indústria espacial portuguesa, mas também a posicionar os Açores como um centro de lançamentos suborbitais e atmosféricos. Isto pode ter profundas implicações económicas para a região, impulsionando o investimento, a inovação e o desenvolvimento tecnológico.
O Papel de Portugal na Cena Espacial Global
O investimento estratégico de Portugal no espaço insere-se numa ambição mais ampla de se juntar às fileiras das principais nações espaciais. Os esforços do país, como exemplificado pelo Atlantic Spaceport Consortium, visam atrair parcerias globais, melhorar as capacidades industriais e promover a nação como um local desejável para atividades relacionadas ao espaço. Estas demonstrações iniciais deverão suscitar mais interesse e investimento por parte de stakeholders internacionais, desejosos de colaborar com Portugal no florescente mercado espacial.
À medida que Portugal continua a crescer a sua presença no setor espacial, o país está a provar que tem a ambição, a capacidade e os recursos para desempenhar um papel significativo no futuro da exploração e comercialização espacial.
Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon - CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.