Tudo começou com a Alemanha, que ganhava uma hora num extremo do ano e perdia no outro. O seu plano começou em 1916 e foi o primeiro país a utilizar formalmente a hora de verão (DST) para poupar combustível durante a Primeira Guerra Mundial, uma vez que essa hora extra era boa para a produção bélica e, consequentemente, poupava energia valiosa para a iluminação.

O horário de verão é observado em todo o país a partir do último domingo de março, quando Portugal continental e a Madeira avançam uma hora para UTC+01:00, e os Açores avançam uma hora para UTC+00:00, voltando a avançar em outubro.


A hora de verão nem sequer é eficaz

Será que a mudança dos relógios poupa realmente combustível? De acordo com a Universidade de Stanford, uma meta-análise de 44 estudos concluiu que, essencialmente, não o faz, levando apenas a uma redução de 0,34% no consumo de eletricidade. Alguns estudos mostram que o efeito é mesmo contrário.

Muitos países em todo o mundo optaram por não o fazer. Entre eles, toda a Ásia e a maior parte de África. Nos últimos 10 anos, Azerbaijão, Irão, Jordânia, Namíbia, Rússia, Samoa, Síria, Turquia, Uruguai e a maior parte do México puseram fim a esta prática, de acordo com o Pew Research Center.

O Japão, a Índia e a China são os maiores países do mundo que não observam o horário de verão. A Rússia, a maioria dos países africanos e a maioria dos países sul-americanos também não o fazem. A China observa atualmente a hora normal da China

O Reino Unido e vários outros países europeus seguiram o exemplo da Alemanha. Rapidamente, a hora de verão tornou-se a norma e os EUA seguiram-no em 1918.


Mito ou verdade: a hora de verão foi criada para beneficiar os agricultores?

A verdade é que a indústria agrícola fez lobby contra o horário de verão em 1919. Há quem acredite que foi nessa altura que os agricultores se associaram ao horário de verão, embora só estivessem envolvidos porque eram contra. A hora "oficial" é, em grande medida, irrelevante para os agricultores, sendo o seu trabalho regido pelo ciclo natural do dia, como tem sido desde há séculos. Afinal de contas, as vacas e as ovelhas não têm relógios, pois não? Sabem instintivamente quando é a hora de se alimentarem, que o crepúsculo é a altura de se acalmarem e o amanhecer é a altura de se levantarem, e mudar a hora deve certamente provocar-lhes uma espécie de jet lag!

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Porque é que devemos acabar com esta coisa do horário de verão?

Acabar com o horário de verão pode ajudar a combater os efeitos negativos para a saúde decorrentes da perda de uma hora de sono, facto que está comprovado. Essa hora perturba os nossos padrões de sono e desregula os relógios do nosso corpo. A maioria dos seres vivos tem estes ritmos circadianos - animais, plantas e até microorganismos. Nos seres humanos, quase todos os tecidos e órgãos têm o seu próprio ritmo circadiano e, coletivamente, estão sintonizados com o ciclo diário do dia e da noite, e estes ritmos influenciam funções importantes do corpo humano. Qualquer pessoa que trabalhe no turno da noite sabe como é difícil adaptar-se.

Já é suficientemente confuso quando se viaja para lidar com as mudanças de fuso horário, e é preciso estar atento a potenciais discrepâncias horárias quando se reservam voos durante os períodos de mudança da hora de verão. O jet lag é suficiente para lidar com ele, uma vez que pode causar fadiga diurna, uma sensação de mal-estar, dificuldade em manter-se alerta e problemas de estômago, e o corpo precisa de alguns dias a algumas semanas para se aclimatar, na melhor das hipóteses.

A reposição do relógio biológico deve-se sobretudo à luz. Diz-se que se deve apanhar 15 a 30 minutos de luz solar direta assim que se acorda, tomar o pequeno-almoço ao ar livre ou simplesmente sentar-se ao sol a ler. Parece-me bem, viajando ou não.


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Marilyn writes regularly for The Portugal News, and has lived in the Algarve for some years. A dog-lover, she has lived in Ireland, UK, Bermuda and the Isle of Man. 

Marilyn Sheridan