O Governo aprovou um pacote de 60 medidas na quinta-feira, 4 de julho, para acelerar a economia. O plano, que visa aumentar a competitividade das empresas portuguesas e das que têm sede no país, inclui a redução do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) para até 15% e a criação de grupos de IVA.

O "Programa Acelerar a Economia" é desenhado para impulsionar o crescimento económico em Portugal, tornando-o um país mais próspero e justo. Uma medida-chave é a redução gradual da taxa de IRC em 2 pontos percentuais anualmente, visando uma taxa de 15% até ao final da legislatura em 2027. Para pequenas e médias empresas (PMEs) e empresas de pequena e média capitalização, a taxa de IRC será reduzida para 12,5% ao longo de três anos, aplicada aos primeiros 50 mil euros de lucro.

A partir de janeiro de 2025, o governo planeia introduzir grupos de IVA para melhorar o fluxo de caixa das empresas, simplificando o processo de reembolso de IVA e reduzindo a burocracia. Além disso, a elegibilidade para o regime de IVA de caixa será ampliada para incluir empresas com volumes de negócios anuais de até 2 milhões de euros, em vez do limite atual de 500 mil euros.

Outra medida significativa é a expansão do regime de "participation exemption". Isto permitirá que dividendos e mais-valias recebidos por empresas residentes sejam isentos de tributação, desde que detenham pelo menos 5% do capital social ou direitos de voto da entidade distribuidora dos lucros por mais de um ano. Atualmente, o limite é de 10%.

O plano também inclui a extensão da isenção de imposto de selo às operações de gestão centralizada de tesouraria e o aumento da dedutibilidade dos gastos de financiamento incorridos em operações de concentração. Estas medidas fazem parte de uma estratégia mais ampla para fomentar o crescimento económico e estão sujeitas à aprovação parlamentar.

Uma iniciativa notável é o programa "Estado a Pagar em 30 Dias", que visa reduzir o tempo de pagamento das entidades públicas aos fornecedores para 30 dias. Isto envolverá a criação de um sistema de conta-corrente entre a Autoridade Tributária e as empresas, que será posteriormente expandido para toda a administração central.

O pacote também inclui a revisão do Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial (SIFIDE II) para maximizar o impacto económico do capital já alocado, mas ainda não investido. A revisão permitirá que até 20% dos fundos SIFIDE sejam investidos em projetos inovadores de produção certificados e financiados na fase de I&D por fundos SIFIDE ou outros programas nacionais e europeus de I&D. Propõe-se ainda a redução da exigência de despesa em I&D das empresas investidas de 7,5% para 5% do volume de negócios do ano anterior e a extensão do período de investimento de 3 para 5 anos.

A atração de talento qualificado é outro foco do plano. Inclui medidas como a regulamentação do IFICI1+, oferecendo uma taxa de imposto de 20% sobre rendimentos do trabalho para incentivar a investigação científica, inovação e capital humano. Isto visa abranger um leque mais amplo de profissões qualificadas e empresas, potenciando o crescimento das empresas portuguesas e a captação de talentos.

O governo também planeia reativar a Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar (CIAM) para coordenar políticas entre diferentes áreas de governação. Isto inclui atualizar a CIAM para incluir um fórum consultivo com representantes de vários setores, permitindo uma melhor definição de iniciativas e medidas governativas.

Além disso, o governo pretende atualizar a Conta Satélite do Mar, uma ferramenta estatística macroeconómica inserida nas Contas Nacionais publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística. Esta ferramenta avalia o peso da economia do mar na economia nacional, especialmente o seu impacto no PIB e no valor acrescentado gerado. O objetivo é melhorar a compilação de informações e incluir os serviços dos ecossistemas marinhos.

O pacote também inclui a aprovação do Plano Nacional para o Lixo Marinho, destinado a reduzir a descarga de resíduos no mar, e o lançamento de campanhas oceânicas para definir 30% de Áreas Marinhas Protegidas até 2030. Adicionalmente, há um plano para mitigar os impactos da acidificação dos oceanos no ambiente marinho, conforme o compromisso de Portugal com a Aliança Internacional de Combate à Acidificação do Oceano.

O turismo também recebe atenção, com medidas como a revisão e reforço das linhas de apoio, criação de programas para apoiar projetos turísticos com impacto nas comunidades locais, e o lançamento das Obrigações Turismo 2024 para diversificar as fontes de financiamento das empresas do setor, que tem contribuído significativamente para o crescimento económico do país.

Estas medidas abrangentes visam fomentar o crescimento económico, garantir sustentabilidade e atrair talentos, com o objetivo de tornar Portugal um país mais competitivo e próspero nos próximos anos.


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Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon - CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.

Paulo Lopes