O Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, explicou à The Portugal News, a razão pela qual Cascais pode ser um dos melhores sítios para viver.
The Portugal News (TPN): Porque é que o concelho de Cascais é tão apelativo para os estrangeiros?
Carlos Carreiras (CC): Tem a ver com a identidade de Cascais. Somos um concelho acolhedor há 660 anos. Sempre recebemos outras pessoas, outras culturas e outras religiões. Isso também nos ajudou a melhorar o nosso conhecimento e a nossa compreensão do mundo.
TPN: Esta identidade ajudou a que os estrangeiros vissem Cascais como o sítio certo para viver?
CC: Eu diria que ajudou Cascais a ser o que é hoje. Explica o que é ser de Cascais, ser pessoas de espírito aberto, que facilitam a integração dos outros. Penso que em Cascais vivem 80 por cento das nacionalidades do mundo e, no entanto, Cascais não é estrangeiro, porque todos estão integrados na nossa comunidade.
TPN: O que é que a comunidade estrangeira trouxe?
CC: Pode dividir-se em fases, porque eu diria que trouxe essencialmente actividades culturais. Por exemplo, nós ainda temos aqui no concelho, um grupo escolar, que é o Grupo Escolar Ibn Mucana, que tem o nome de um poeta muçulmano, que viveu aqui muitos anos.
Outro exemplo é o facto de, durante a Segunda Guerra Mundial, termos acolhido muitos cidadãos judeus e, mais recentemente, seguindo esta lógica de acolhimento, muitos cidadãos ucranianos também vieram para Cascais.
A nossa ligação ao mar, até por causa do Rei D. Carlos, com a relação com o Príncipe Alberto I do Mónaco, por exemplo, também deixa um forte legado em Cascais.
TPN: Na sua opinião, acha que todas estas influências acabam por atrair muito turismo? Ou acha que o turismo está relacionado com outros factores?
CC: O que eu consigo identificar é o turismo residencial. Aqueles que escolhem Cascais para passar uma parte do seu tempo aqui, vivendo no nosso concelho.
O turismo literal, tal como o identificamos, é influenciado por outros factores, a começar pelas excelentes condições que temos, quer do ponto de vista natural, quer do ponto de vista climático, e talvez pelas nossas agradáveis condições de vida. Por exemplo, a Câmara Municipal tem uma forte preocupação e tem feito vários investimentos na luta contra os factores que provocam as alterações climáticas. Temos o privilégio de viver entre a serra e o mar e não há muitas zonas no mundo que tenham estes dois belos e ricos patrimónios como Cascais.
Cascais é também um lugar seguro, e hoje é um património que é procurado em todo o mundo, nem todos os países do mundo, infelizmente, podem afirmar o mesmo que nós.
TPN: Quais são as maiores comunidades estrangeiras a viver em Cascais?
CC: A primeira é claramente e com destaque a comunidade brasileira. Depois deles, serão certamente os cidadãos da Ucrânia, devido aos que fugiram da guerra. Em terceiro lugar, estão os cidadãos ingleses. Mas há também muitas outras nacionalidades com alguma expressão, sobretudo europeias, como é o caso dos alemães, espanhóis e franceses. Também italianos e romenos, devido às semelhanças entre o português e as suas línguas maternas.
TPN: O concelho oferece condições para o investimento estrangeiro?
CC: Embora investir seja sempre arriscado, a autarquia oferece aconselhamento através de uma agência municipal, a DNA Cascais, para promover o investimento e o empreendedorismo. No caso de grandes investimentos, a Câmara Municipal estará diretamente envolvida, não só para aconselhamento, mas também para orientar com a burocracia e outras preocupações.
TPN: Gostaria de voltar à preocupação do município com as alterações climáticas. Como é que o município está a contribuir para mitigar as alterações climáticas?
CC: Em primeiro lugar, beneficiamos muito das nossas condições geográficas. Um terço do nosso concelho é parque natural e, à volta, temos ainda cerca de 50% do território de Cascais, que são espaços naturais não classificados. Também investimos na nossa excecional linha costeira, por exemplo, plantando florestas marinhas que podem absorver tanto ou mais CO2 do que as florestas continentais.
TPN: Acredita que o concelho pode receber ainda mais estrangeiros?
CC: Não fechamos a porta a ninguém, faz parte da identidade do concelho. Ao longo dos séculos este comércio tem-nos beneficiado e por isso estamos sempre abertos. O problema não é receber mais estrangeiros, são as condições em que os podemos receber e integrar connosco, sem criar divisões no seio da comunidade.
Neste momento, o que se apresenta como a maior luta e o maior potencial para causar qualquer cisão está relacionado com o mercado imobiliário. Temos vindo a investir ao nível da construção de habitação social para reduzir o risco de rutura entre os vários cidadãos que nasceram em Portugal ou que não nasceram em Portugal.
Aqueles que chegam a Cascais não são considerados cidadãos estrangeiros, são Cascalenses.
TPN: Há alguma coisa que gostasse de dizer aos leitores da Portugal News?
CC: Gostaria de reiterar o convite para que todos venham ajudar-nos a fazer de Cascais o melhor concelho para passar um dia, uma semana ou uma vida.
Deeply in love with music and with a guilty pleasure in criminal cases, Bruno G. Santos decided to study Journalism and Communication, hoping to combine both passions into writing. The journalist is also a passionate traveller who likes to write about other cultures and discover the various hidden gems from Portugal and the world. Press card: 8463.