O novo presidente do Conselho Nacional da Indústria do Golfe (CNIG) destacou o impacto de mais de €2 bilhões do setor na economia.
Em entrevista à Lusa, Nuno Sepúlveda — que tomou posse há cerca de uma semana — disse que um dos objetivos do conselho que preside é combater o “estigma” que considera existir “contra o golfe”. “Existe um estigma contra o golfe por algum motivo, seja por causa da água [que os cursos consomem], do meio ambiente ou do preconceito de que é um esporte para pessoas ricas, e temos que corrigir essa situação porque não é
verdade”.Destacou que “em Portugal, mas particularmente no Algarve, o golfe é muito relevante para o turismo”, atraindo turistas para áreas “que não existiriam se não fosse o golfe, a vela ou outros esportes” e desempenha um papel importante no combate à sazonalidade.
“Mas tem um tratamento de IVA completamente diferente de outros produtos turísticos”, lamentou, em referência à taxa máxima de IVA à qual o setor é tributado desde 2011.
Como ele lembra, naquele ano, “devido à crise, o IVA aumentou em todos os setores, mas depois todos foram reduzidos, mas o golfe nunca mais voltou”.
Esporte para “ricos”
“Acima de tudo, existe o preconceito de que é um esporte para pessoas ricas, quando na verdade o golfe que vendemos em Portugal é muito pouco para o cliente português. É para um cliente estrangeiro, onde duas pessoas normalmente vêm passar sete noites, alugar um carro, pagar um avião, almoçar e jantar fora todos os dias, e estão em um hotel ou apartamento, com vários consumos associados que beneficiam a economia”, enfatizou
.Defendendo que “o golfe é um produto turístico tão válido quanto qualquer outro”, Nuno Sepúlveda nota que envolve “ativos muito caros, que custam muito dinheiro para manter”, e que a falta de liquidez por parte dos proprietários levou ao envelhecimento dessas infraestruturas — desde os campos de golfe, clubes e respetivos restaurantes — que “têm uma idade média de 20/30 anos”.
Realizar estudos econômicos atualizados para avaliar o impacto econômico do golfe em Portugal é outro dos objetivos da nova administração do CNIG, com Nuno Sepúlveda convencido de que o valor atual do setor é “muito maior” do que os 2 bilhões de euros calculados no último estudo, datado de 2019.
Gestão da água
Entre as prioridades da nova gestão do CNIG está a questão da gestão dos recursos hídricos, com o objetivo de “abrir um debate abrangente com o objetivo de desmistificar a ideia de que o golfe é um grande consumidor de água em comparação com
outros setores”.“É claro que existem problemas de água em Portugal. Mas, de toda a água usada no Algarve, onde a questão dos recursos hídricos surge em particular, menos de 6% é usada para golfe”, sustenta Nuno Sepúlveda
.Ele afirma que enquanto “os sistemas municipais de transporte de água perdem até 50% da água, totalizando milhões e milhões de metros cúbicos”, o golfe tem “os sensores, estações de bombeamento e tipos de grama mais avançados” e “rega até o milímetro”.
“Não estou dizendo que a água não precisa ser protegida, mas o bicho-papão certamente não é o golfe. Não é um problema”, sustentou.
Lembrando que no ano passado Portugal foi eleito o melhor destino de golfe do mundo, Nuno Sepúlveda conclui, lamentando: “Temos um produto tão bom... por que temos tanta vergonha de promovê-lo?”.