Segundo as últimas estatísticas do Banco de Portugal (BdP) relativas às taxas de juro e de montantes de novos empréstimos e depósitos bancários de empresas e particulares, em julho, os novos empréstimos concedidos a particulares para habitação própria permanente com taxa mista (empréstimos com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável) ou taxa fixa representaram, em conjunto, 49% do total de novos empréstimos à habitação.
Salientando que o peso dos empréstimos com taxa de juro fixa ou mista “tem aumentado de forma muito evidente ao longo do último ano”, o banco central precisa que, “de um valor que historicamente rondava os 15%, passou para quase metade das novas operações de crédito”, sendo que “a subida tem ocorrido sobretudo nos contratos com taxa mista”.
Os dados do BdP apontam ainda que a prestação média mensal do ‘stock’ de empréstimos para habitação própria permanente aumentou oito euros em julho, fixando-se nos 399 euros.
“O aumento verificado em julho é inferior ao dos quatro meses anteriores, que, em média, foi de 10 euros”, nota, acrescentando que, face ao período homólogo, a prestação média mensal subiu 105 euros.
A taxa Euribor a 12 meses, que atualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, desceu hoje para 4,055%, menos 0,047 pontos do que na quinta-feira, depois de ter atingido em 27 de julho um novo máximo desde novembro de 2008.
No prazo a seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo em 07 de julho de 2022, desceu hoje para 3,934%, face a quinta-feira, dia em que atingiu máximo desde novembro de 2008, de 3,956%, verificado em 26 de julho.
A Euribor a três meses, por sua vez, caiu, mas para 3,770%, menos 0,025 pontos do que na quinta-feira, contra um máximo de 4,193% em 07 de julho deste ano.
As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 04 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
Na mais recente reunião de política monetária, realizada em 27 de julho, o BCE voltou a subir os juros, pela nona sessão consecutiva, em 25 pontos base – tal como em 15 de junho e 04 de maio –, acréscimo inferior ao de 50 pontos base efetuado em 16 de março, em 02 de fevereiro e em 15 de dezembro, quando começou a desacelerar o ritmo das subidas.
Antes, em 27 de outubro e em 08 de setembro, as taxas diretoras subiram em 75 pontos base. Em 21 de julho de 2022, o BCE tinha aumentado, pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base, as três taxas de juro diretoras.
Desde julho do ano passado, o BCE aumentou as taxas de juro em 425 pontos base, o ciclo de subida das taxas de juro mais rápido da história da zona euro.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 14 de setembro, estando a decisão sobre um eventual novo aumento das taxas de juro dependente dos dados então disponíveis.