Michael O'Leary considera que a decisão do Governo é errada e defende que é possível aumentar rapidamente a capacidade do Humberto Delgado.
"É absurdo ter um aumento de custos em 2026 para abrir Alcochete. A ANA vai estar a receber taxas por algo que só vai estar em funcionamento em 2040", disse Michael O'Leary numa conferência de imprensa em Lisboa. "É um esquema", disse. No plano apresentado ao Governo, a concessionária prevê a abertura do aeroporto em 2037.
O CEO da empresa irlandesa mostrou-se muito crítico em relação à escolha do Campo de Tiro de Alcochete, considerando que a decisão "é uma forma de o Governo fingir que está a fazer alguma coisa para resolver o problema". Michael O'Leary voltou a insistir na construção de um novo aeroporto no Montijo, "que poderá estar pronto em cinco anos". "Até 2040 ou 2050, quanto crescimento é que Portugal vai perder para Espanha, França, Itália ou Marrocos?", sublinhou.
Defendeu ainda que é possível aumentar a capacidade do Humberto Delgado, através da reorganização do atual terminal 1. De acordo com Michael O'Leary, a capacidade poderia ser aumentada em 40% a 50%. "A Portela precisa de um aumento de capacidade agora", disse, considerando que "há um constrangimento artificial de tráfego" que é utilizado pela ANA para aumentar as taxas aeroportuárias.
A Ryanair anunciou a colocação de dois aviões adicionais em Portugal, um em Faro e outro no Funchal, e a abertura de quatro novas rotas: uma do Porto para Roma e três da Madeira para Milão, Shannon e Bournemouth. A companhia aumentará também a frequência das actuais rotas para Bruxelas, Dublin, Paris e Londres.
A companhia aérea de baixo custo transportou 12,7 milhões de passageiros em Portugal no ano passado e estima-se que atinja os 13 milhões este ano. Mantém ainda o plano, apresentado ao Governo no ano passado, de atingir 27 milhões de passageiros em Portugal até 2030, mas exige como condições a redução das taxas aeroportuárias e o aumento da capacidade.