No final do ano passado, quase 95 mil alunos do 9.º ano realizaram as provas finais de Português e Matemática, que voltaram a contar para o cálculo da classificação final e conclusão do 3.º ciclo, regra suspensa em 2020 devido ao ensino à distância e ao confinamento provocado pela pandemia de Covid-19.
A nota média de Português melhorou em relação ao ano anterior, passando de 2,9 valores para 3,1, enquanto a média negativa de Matemática se manteve inalterada nos 2,5 valores, segundo uma análise efectuada pela Lusa a quase 188 mil provas realizadas avaliadas entre um e cinco valores.
A maioria dos alunos (58%) chumbou a Matemática, ao contrário de Português, em que três em cada quatro jovens tiveram nota positiva (78%), tendo em conta os dados fornecidos pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI).
As escolas com melhores resultados médios continuam a ser as escolas, que ocupam os lugares cimeiros nas tabelas da Lusa, onde os estabelecimentos públicos mais bem classificados são as escolas artísticas de música e dança.
Num universo de 1.017 escolas públicas analisadas, apenas 4% tiveram Matemática positiva, enquanto entre as 199 escolas, a taxa média positiva foi de 64%. Quanto a Português, a maioria das escolas públicas (60%) teve uma média positiva, tal como as escolas (87%).
Em Português, a primeira escola pública é a Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional, em Lisboa, enquanto o pódio de Matemática pertence à Escola Artística de Música do Conservatório Nacional, também em Lisboa.
A média de quatro valores das 20 provas efectuadas pelos alunos da Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional, em Lisboa, coloca a escola no 18º lugar de uma tabela liderada pelo Colégio Horizonte, que ocupa o 1º lugar, com uma média de 4,4 valores, seguido do Colégio Novo da Maia, na Maia (4,34), e do Grande Colégio Universal, no Porto (4,31).
Os resultados médios mais elevados em Português foram alcançados pelos alunos de Braga, Coimbra, Porto, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. As notas mais baixas provêm de escolas de Beja, Faro, Portalegre, Setúbal, Região Autónoma dos Açores e de escolas portuguesas no estrangeiro.
Em Matemática, o 1º lugar vai para o Colégio Novo da Maia com uma média de 4,51 valores, seguido do Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro (4,44), e do Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga (4,33).
Em 22º lugar surge a primeira instituição pública com melhores resultados em Matemática: O Conservatório de Música, com uma média de 3,95, seguido em 28º lugar pela Escola Secundária Infanta D. Maria, de Coimbra (3,88), e em 40º pela Escola de Dança Artística do Conservatório Nacional, de Lisboa.
Os melhores resultados médios a Matemática foram alcançados em Coimbra, Viana do Castelo e Viseu e os resultados médios mais baixos foram obtidos em Beja, Portalegre, Setúbal e na Região Autónoma dos Açores.
O regresso dos exames nacionais permite, mais uma vez, identificar os alunos que conseguem concluir o ciclo sem reprovar em nenhum ano e com resultados positivos em ambas as provas, um indicador conhecido como "percurso direto para o sucesso" e que mostra que a pobreza continua a ter impacto nos resultados académicos.
No ano letivo de 2021/2022, apenas um em cada três alunos (34%) conseguiu concluir um percurso de sucesso, sendo os alunos dos distritos de Braga e Viana do Castelo aqueles que apresentam mais casos de sucesso, com percentagens acima dos 40%.
Os distritos mais a sul do país - Setúbal, Faro, Beja e Portalegre - destacam-se negativamente, com as mais baixas percentagens de sucesso, já que em muitos casos se situam abaixo dos 25%.
Também neste indicador, as raparigas apresentam um melhor desempenho (38%), sete pontos percentuais acima dos rapazes (taxa de sucesso de 31%).
As diferenças de desempenho neste indicador dos alunos de diferentes estratos socioeconómicos são também bastante acentuadas: Entre os alunos sem apoio social, 39% conseguiram seguir um percurso direto de sucesso, enquanto entre os alunos com nível A de Apoio Social Escolar (ASE) a taxa é de apenas 12%.
Com um valor intermédio aparecem os alunos da categoria B do ASE, com apenas 23% a conseguirem fazer tudo no tempo previsto e sem chumbar nos testes.
De um modo geral, a diferença de desempenho entre raparigas e rapazes não foi muito notória, com destaque para Português, prova em que elas tiveram uma média ligeiramente superior e houve muitos mais casos positivos (83% contra 73% dos rapazes).