De acordo com o Sapo, desde a pandemia, os preços do café Robusta, a variedade mais consumida pelos portugueses, nos mercados internacionais subiram mais de 200 por cento e permaneceram em valores elevados.

“O aumento dos preços pode ser explicado pelos seguintes fatores tradicionais de oferta e demanda, produção insuficiente nos países de origem, essencialmente na África Central e no Vietnã, que levaram a uma baixa recorde nos estoques mundiais e a uma maior demanda da indústria”, “agravando a questão”, apontou a secretária geral da AICC, Cláudia Pimental.

Resultando no preço de mercado do café robusta “no mais alto de sempre”, e as mudanças climáticas nos países produtores estão causando “quedas na produção”, o que impactou os preços do café verde, reiterou o responsável.

A “situação no Mar Vermelho e o impacto no comércio”, onde os huthis atacam navios há meses, o que aumentou os custos de transporte “causando um atraso significativo na chegada de mercadorias à Europa, incluindo café”, também estão entre as causas dos aumentos, acrescenta Cláudia Pimental.

Luís Lorena não prevê que o preço do café diminua tão cedo. Dos dois tipos de variedades existentes, em Portugal “70 por cento do café consumido é café Robusta e 30 por cento é arábica, em questão está a falta de café Robusta, que se deve à alta demanda e baixa disponibilidade em todo o mundo”, afirmou

a corretora.

A variedade arábica “é mais consumida no norte da Europa e a robusta no sul da Europa”, com o preço desta última subindo durante a pandemia de Covid-19, onde antes essa variedade tinha o preço mais competitivo.

No norte da Europa, eles começaram a mudar as “misturas”, de 100 por cento de arábica para “uma mistura com uma porcentagem de 5 por cento, 10 por cento ou 15 por cento de Robusta”, o que aumentou o consumo dessa variedade, diminuindo sua disponibilidade no mercado, levando a um aumento nos preços.

Anteriormente, a quantidade de Robusta consumida nos 27 países europeus era de cerca de 39 por cento” e de arábica em 61 por cento. “Nos últimos anos, o valor passou a ser de 46 por cento de robusta e 54 por cento de arábica”, frisou Luís Lorena. Em 2020, o café Robusta poderia ser comprado “256 por cento mais barato do que agora”, enfatizou

.

Além disso, “há menos países produtores de Robusta”, com Angola se tornando o maior produtor mundial dessa variedade.

Países vizinhos de Angola, como Camarões e Costa do Marfim, investiram 100 por cento em cacau e abandonaram o café”, encerrando o fornecimento de Robusta dessas regiões, enquanto em Uganda e Tanzânia “os mesmos níveis de produção do passado foram mantidos”.

A Índia, que é um produtor com “consumo interno brutal”, “vendeu a maior parte de seu café para a indústria solúvel na Ásia”. Enquanto o Vietnã “teve uma colheita complicada” e a Indonésia perdeu 30% de sua colheita em 2023 por causa da chuva e do mau tempo.

A única alternativa foi considerada o Brasil, que produz Robusta em quantidade suficiente, mas “não é muito bem aceito na Europa”, concluiu.