“Entre 2018/19 e 2023/24, vimos um aumento de mais de 160% de imigrantes no ensino primário e secundário”, revelou o ministro da Educação, Ciência e Inovação (MECI), Fernando Alexandre, durante a apresentação do relatório da OCDE “Education at a Glance 2024”.

Em 2019, havia cerca de 53.000 estudantes estrangeiros nas escolas portuguesas, representando 5,3% do número total de alunos matriculados. No ano passado, já havia 140.000, representando 13,9% do número total de estudantes, de acordo com dados do relatório da OCDE

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“Este é um dos grandes desafios na Educação”, anunciou o ministro, destacando que a tendência de queda do número de estudantes nas escolas portuguesas foi interrompida pela chegada dessas crianças e jovens estrangeiros.

Somente nos últimos dois anos, mais de 70.000 novos alunos foram matriculados: 39.500 em 2022/2023 e 33.500 no ano passado.

“Mais de 30.000 estudantes estrangeiros entram em nosso sistema educacional todos os anos e estão em todo o país. Isso representa imensos desafios para nós”, reconheceu o ministro, que disse que “muito em breve” medidas serão anunciadas para garantir que as escolas tenham as ferramentas para lidar com essa nova realidade

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Atualmente, 14% dos alunos do ensino primário e secundário são estrangeiros e por trás dessa média nacional existem realidades locais, como em Lisboa ou no Algarve, onde “a média é muito maior”, disse.

Entre os principais desafios para os professores está o fato de cerca de 25 a 30% desses novos alunos não falarem português, reconheceu o ministro, que defendeu que a chegada desses alunos deve ser vista como “um bom problema”.

“Seria trágico e deprimente continuar fechando salas de aula e escolas”, disse, sublinhando que Portugal não tem futuro sem imigração.

“A integração dos imigrantes é essencial para o funcionamento da nossa economia, mas acima de tudo para que nossa sociedade permaneça coesa. A integração dessas pessoas depende da educação e começa com os filhos desses imigrantes. Se falharmos na educação, falharemos na nossa política migratória”, concluiu o ministro, durante a apresentação do relatório anual da OCDE

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O estudo também mostra que cada vez mais estudantes estrangeiros estão escolhendo instituições de ensino superior portuguesas para estudar.

A proporção de estudantes internacionais ou estrangeiros entre todas as matrículas no ensino superior aumentou em quase todos os países entre 2013 e 2022. “Em Portugal, aumentou de 4% para 12%”, afirma o estudo.

Mas o aumento mais substancial foi registrado entre aqueles matriculados em programas de mestrado ou equivalentes, que passaram de 10% em 2013 para 15% em 2022, em média, nos países da OCDE. Em Portugal, o aumento foi de mais de 10 pontos percentuais: passando de 5% para 15%.